domingo, 20 de janeiro de 2008

A espiã

Primeiro filme do ano, é mais nova obra holandesa de um diretor que está voltando a origem: Zwartboek, A Espiã, que é um filme a la Paul Verhoven, sangue, sexo, polêmica e choque! Tudo que o cinema atual gosta de retratar em ritmo alucinado. O filme não é uma obra-prima do cinema mundial, mas devemos admitiir que tem seus méritos na ousadia.
Estamos no palco preferido do cinema a segunda Guerra Mundial, temos uma atriz muito boa chamada Carice Van houten, que nos acompanhará e será a grande responsável pelo exito do filme. Ela é uma judia que se infiltrará na sociedade Nazista para salvar o filho do comandante, extremamente nobre sendo que toda a família dela foi morta por nazistas logo no começo do filme, mas ela é uma mulher fria, inteligente e manipuladora em certos pontos... mulher fatal que nos conquista, e assim como toda a atriz de Verhoven não tem nenhuma inibição, o que significa que há muitos momentos de sexo durante o filme... eu sei está parecendo ruim ou está parecendo Verhoven, o que é quase a mesma coisa... contudo não é, a produção é de alto calibre e o suspense é digno De Palma, pois o perigo espreita em cada esquina, Contudo o grande trunfo aoi meu ver foi a audácia de retratar o nazista como bonzinho... sim senhor, não estamos em um filme em que os nazista são maus como um tod, e sim num filme em que temos um nazista bom pelo qual ela irá se apaixonar e um mal, não porque ele tem um ódio mortal dos judeus, ou porque Hitler fez lavagem cerebral, e sim porque ele gosta demais das jóias judias.
é impossível não torcer pelo casal quando estão em fuga, você quer que ele fuga, até você gostou do carrasco nazista!!! E Verhoven sabe que na terra da liberdade ele conquistou a fama de esculachar com a Moral tanto na violência (Robocop), na nudez constante (shogirls), ou na cena de sexo com começo-meio-fim (instinto selvagem) ele é cara de pau, foi receber o Framboesa de Ouro pessoalmente, coisa que ninguém, mas quando vc pensa que o diretor não vai chocar vc com mais nada, eis que ele resolve dar um banho na personagem, e degradá-la na maior humilhação possível em frente das suas vistas, coisa que lhe deixa com o estômago embrulhado (assista não vou dizer o que ele faz) e eis que ele subverteu tudo o que você achava certo na 2ª Guerra durante a projeção do filme, enquanto nós olhavamos para a escultural senhorita Houten, que ainda por cima é muita boa atriz.
O filme só tem um defeito em sua parte final que é acelerar e revelar muita coisa de uma vez, em certo momento ela berra "Será que nunca vai acabar?" e você está com a mesma sensação.
Nota 8

Ano de 2008

Um novo ano levanta-se a nós apreciadores da arte, em especial, de minha parte, o cinema. Este ano começa com uma pequena avalanche no maior mercado cinematográfico do mundo que ainda haverá repercussões mesmo após seu fim: A Greve dos Roteiristas de Hollywood, que causou ó adiamento de várias séries, um Break na produção de muitos filmes, cancelou a entrega de todos os prêmios referentes a indústria até o presente momento, e já teve adesões de várias entidades do ramo... ou seja entrou para a história como uma grande crise, que pode até aumentar se os gringos não tomarem cuidado.
Truffault lá pelo ano de 1959 junto com Goddard, Rohmer, Resnais, e outros lançou talvez o movimento mais importante do século XX para o cinema, que foi a Nouvelle Vague, que teve cópias no Neorealismo italiano e no Cinema Novo brasileiro, influenciou muitos diretores, e influencia até hoje, pelo conceito simples de que o grande autor do filme é o diretor, o artesão que une todas as partes para formar um todo. Isso em contrapartida só aconteceu a meu ver, pelo sentimento contra-Hollywood (muito válido aliás...) que estava se assumindo como uma grande potência do mercado cinematográfico atual. Logo devemos lembrar que nessa época o diretor em Hollywood era somente mais um funcionário a serviço dos grandes estúdios...Victor Flemming, Billy Wilder, e tantos outros cineastas tinham nome, mas só porque os produtores criaram suas lendas, se você olhar atrás de um dvd, de um filme da década de 50 americano, meus amiguinhos, vocês verão que o último nome sempre será dos produtores.. o tempo muda, a Nouvelle Vague acabou talvez com o domínio dos produtores em Hollywood. O diretor ganhou um status maior, ele pode até ter salários astronômicos com Ridley Scott, Steven Spielberg que simplesmente tem um estúdio para si... agora porque mesmo que comecei com a aula de história?
Ah, sim! A greve. O que sempre me chamou a atenção no pensamento geral é nos perigos que se pode ocorrer ao se colocar o diretor na posição de Deus, é que muitas vezes se tira o mérito de uma equipe inteira atrás do resultado de duas horas que nos hipnotiza, estava outro dia acompanhando um discussão de como Spielberg era somente um diretor e Almodovar um cineasta e a diferença essencial entre uma coisa e outra eu não havia entendido, mas aí explicaram, que o diretor somente filmava, e o cineasta acompanhava todas as partes do todo, escrevia os roteiros cuidava da montagem etc... achei um tanto estranho, mas isso também são frutos do pensamento de Truffault é claro... em certo ponto ele se justifica uma vez que sempre vemos a mão do nosso diretor querido em cada filme, mas ainda vemos o usual tema pai-filho em todos os filmes do Spielberg, mesmo sem ele se envolver no roteiro oficialmente, contudo ele desempenha o papel de produtor então como saber o envolvimento? Assim como em Verhoven você dificilmente verá um leite-com-açucar calmo... Não será por isso que ele não se envolveu no projeto, no final ele escolhera o que fazer, em outro lado eu acho que grandes filmes saíram de grandes roteiros, acho que Charles Kauffman é o grande astro em Brilho eterno de uma mente sem lembranças e Adaptação, e ele é um roteirista, então devemos ter cuidado ao se elevar as pessoas, muitas vezes é só um ator que carrega o filme com Uma Mente Brilhante, outras é o roteirista como por exemplo Uma mente sem lembranças.
E estamos vendo essa visão Anti-Truffaultiana em ação no momento, afinal de contas temos uma greve de roteiristas que abala toda a comunidade cinematográfica, o que mostra que o filme no final não é produto de uma mente só, mas sim de uma coletividade que o torna provavelmente a arte mais complicada já realizada, pois envolve todos os estímulos e todas as técnicas.
Contudo temos grandes espectativas para o ano que já está aqui.