sexta-feira, 6 de abril de 2012

Games: Mass Effect 3

 

Mass-Effect-3-PS3 Esse ano teremos o reboot de Tomb Raider, o novo Bioshock com uma estética diferente, Resident Evil roubando as expectativas no final do ano e um Last of Us que inspira a curiosidade de todos. Entretanto o primeiro grande jogo da expectativa saiu a pouco menos de um mês e já comprovou sua qualidade esperada, encerrou uma das trilogias mais originais e inovadoras dessa nova geração de games e, sobretudo criou um grande polêmica em torno de seu final, que para a legião de fãs foi aquém do esperado.

Já adianto que eu gostei do final, mas entendo os motivos de quem não gostou também. Mas não adiantemos tanto. O que é Mass Effect na verdade?

Mass Effect é uma game que conseguiu conciliar a personificação própria de jogos de RPG, com uma estética de Ação que lembra o FPS (first person shotter) lá em 2007 quando o primeiro exemplar foi lançado. Os elementos de RPG estão contidos no xp que você recebe e pode evoluir seu personagem para onde quiser, além da customização e vários outros elementos para dar poderes específicos a você e seus aliados. O FPS é mais similar ao que se vê em Dead Space, pois o ponto de vista é sempre na costas do personagem, mas não chega a ser em terceira pessoa (eu tenho um problema com essa definição mas algum dia eu defino melhor)

mass-effect3

Entretanto existe um terceiro elemento para se entender a jogabilidade inovadora da série que é o que realmente a torna genial, pois o RPG + FPS simplesmente seria um RPG com mais ênfase na ação. O terceiro elemento é a possibilidade de se relacionar com outras pessoas pelos diálogos. Basicamente Mass Effect é um game em que você constrói um personagem com suas ações, mais do que customizar a aparência e os poderes que ele tem, você tem, nos diálogos, o poder de construir uma personalidade que vai do cara mais sábio (o parragon) ao mais bruto (o renegade), o quanto você será mais parragon ou renegade está nas suas escolhas e, por vezes a maneira como você se comporta, causa pequenas mudanças na narrativa que não é tão aberta como se pensa, mas o caminho até´lá sempre pode ser diferente, inclusive quem vai chegar ao final. No primeiro jogo, por exemplo, você tem que obrigatoriamente sacrificar um de seus colegas para vencer. E isso é tão bem construído que você acaba se afeiçoando a todos os personagens da saga, inclusive ter romances (com cenas de sexo) no decorrer da narrativa, o que gerou indignação e protesto das elites conservadoras em 2007.

Tudo isso somente para explicar como se brinca. A história que é parte mais importante é o ápice da subtrama desvendada nos primeiros jogos: É 2186 e os seres humanos conquistaram o espaço, não por seus próprios pés mas achando uma tecnologia de uma raça primitiva extinta, os protheans, que está espalhada pela galáxia: Os mass relay.

Mass_Relay_Generic_ME2

Basicamente é um estilingue que lança as naves de galáxia a galáxia, criando uma grande rede pelo Universo conhecido. Você é o comandante John Seppard que conhece a verdadeira história por trás dessa tecnologia, pois os dois jogos mostram que esse artefatos na verdade são uma armadilha de uma outra raça, os Reapers, seres sintéticos que ficam adormecidos no espaço profundo por 50.000 anos e dominam  essa tecnologia, elas a deixam ativa para concentrar todos os povos do espaço o seu redor, pois eles se alimentam de matéria orgânica, e cada 50.000 anos eles acordam para exterminar (comer) a vida orgânica. Estamos no final do ciclo e jogo começa com Sheppard tentando convencer o conselho da terra que eles tem se unir contra o inimigo o quanto antes. Contudo os Reapers atacam, agora você  e sua nave tem que unir as raças do Universo para resistir ao Reapers, a tarefa não será fácil pois ao estilo Babylon 5: Todo o mundo se odeia. Aqui entra a importância das escolhas de discurso e ações, uma palavra errada e você perde um aliado; uma decisão equivocada e você põem um civilização em risco.

Esse é um jogo que você tem que saber muito bem inglês ou vai boiar na história (e ela é complicada)  e cometer ações erradas. Com esse resumo você não precisa tecnicamente jogar os dois primeiros, pois há também um resumo antes do início do jogo, mas se possível vá atrás pois é uma história muito bem construída com personagens cativantes. Com relação ao final, a Bioware tomou uma decisão de risco como sempre fez na série: Se no primeiro essa mecânica foi criada e você tinha que sacrificar um de seus amigos para ganhar, se no segundo eles tornaram a história totalmente não linear com a extinção de uma civilização inteira ao seu final, aqui além de tudo isso eles quebraram uma regra dos games: O boss final, que basicamente não existe.

Dentre as reclamações a respeito uma essa, pois você se prepara para uma guerra reunindo várias raças a seu redor, mas acaba brigando muito pouco dela: Sua única missão é a final, e o mais próximo de um boss é uma horda incansável de inimigos por quase vinte minutos e você tem que sobreviver. Mas depois de tanto tempo lutando junto com seus amigos, você fica sozinho, a beira da morte pelo ocorrido encarando uma entidade e pelo diálogo você vai chegar em opções que podem selar o destino de todos. Aí o pessoal que estava esperando pegar armas pesadas, destruir naves e um super-boss que iria exigir todas as habilidades, vai se decepcionar, pois isso não existe, o final do jogo é puramente sentimental ainda seguindo os extremos do parragon e do Renegade. Com certeza é um grande choque jogar 35 horas, lutar contra hordas para decidir o destino do universo num jogo de retórica, entretanto dentro da história contada e como ela foi contada: FAZ COMPLETO SENTIDO.

As outras reclamações tem dois tipos, os fãs hardcore que tem um vinculo sentimental muito grande e os fanboys completamente sem noção. O primeiro tem seu valor por prestar atenção na história, e querer saber o que aconteceu com os outros personagens. Pois a partir do momento que você se separa do seu grupo, você não sabe o que aconteceu: Se eles sobreviveram sim ou não apesar que dentro da narrativa faça sentido afinal o foco, e ponto de vista, são sempre seus. Não é pedir demais que deem um fim a todos os personagens da história.  Os fanboys sem noção querem mudar tudo, arranjam detalhes mínimos para questionar a narrativa dos últimos 15 minutos e queriam em vez de escolher, meter uma bala na entidade que se revelará ao final e sobretudo, um final feliz com todo mundo se abraçando, rindo, etc…

A Bioware no momento  trabalha num DLC para “consertar” o final de ME3, o que eu espero que seja somente adicionar novas animações e fins para todos os personagens pois mudar o final é abrir um precedente muito perigoso e nada artístico para o que Mass Effect foi originalmente. Se você ficou triste, com raiva e chocado com o final é por que tem que ser assim. Eu joguei o jogo imaginando que toda a situação que se desenrolava ao meu redor, só podia acabar com muita dor e não tão heróica como em outros jogos. Eu entrei na história encarando os meus discursos como certo: Hoje nós vamos retomar a Terra de volta, custe o que custar.

Imagine se System Shock 2, que causou revolta e choque na época que foi lançado tivesse um outro final somente por reclamação? Para quem não conhece System é um jogo de tiro do final de década de 90, muito bom, que no final se descobre que na verdade você trabalhava para o vilão e você é o cara mal. Marcou uma geração e influenciou muito os finais sombrios que ainda não atingiram o máximo de sua exploração, pois hoje nós jogamos jogos sabendo que vamos  atingir o objetivo inicial de um jeito ou de outro, e se algum dia um jogo apresentar uma ideia  que mostre que não importa quanto nós tentemos vamos perder? Atiramos o console pela janela mesmo se o caminho percorrido leva a isso? Pois é o que acontece aqui e eu acho que o mais importante num jogo é o caminho, se não iriamos direto para o boss final testar nossas habilidades ao extremo. Em uma ponta já tivemos quem fez isso: Shadow of the colossus é boss atrás de boss, mas de uma maneira genial e emotiva. Mass Effect é a exclusão do boss, e de uma maneira genial também.

Nota: 9,5 (tem muitas partes que a imagem trava, podia ser mais polido nessa parte técnica, como narrativa já entrou para história)

Eis o trailer e é tudo gameplay

Take Earth Back!