terça-feira, 6 de abril de 2010

LIVRO DE ELI, Irmãos Hughes

 

book_of_eli_2010_1 Estava na dúvida se fazia a crítica desse filme ou não, pois nem tudo que eu vejo no cinema ou leio se torna parte desse blog, poderia dizer que é seleção mas é pura falta de tempo para pensar no que dizer, pois há sempre algo a se dizer. Mas aqui após alguns dias que vi sem compromisso em uma sessão que custou menos que uma locação me proponho a falar, não porque é uma pérola da sétima arte que me tocou e ficou na minha cabeça, mas sim pelo lamento de termos perdido um grande filme que poderia ter se realizado.

Pra começar a proposta do filme une o que algo muito batido, como a história de um mundo pós-apocalíptico totalmente destruído Um homem tem a arma para salvar o mundo. Sim, você já viu essa história antes, mas o interessante é que a arma para salvar o mundo é a Bíblia (?!?!?!). Se você é ateu esta confuso, se você é cristão também está achando estranho, mas é dessa combinação é que sai o ponto interessante da história. Poderíamos ter um aprofundamento dessa história em vários aspectos no teológico, no social, no pessoal e até no metalinguístico, mas não temos, nesse corte do filme é bem básica com algumas sutilezas nas entrelinhas que vamos ver a história de Eli, um andarilho que ruma à Oeste enfrentando a tudo e a todos para salvar a última relíquia da humanidade. Um vilão vai aparecer, sangue vai rolar, teremos uma bonitinha na história e algumas invenções legais como velhinhos simpáticos que podem ser canibais. Um arroz-com-feijão que serve para ter alguma sanguinolência mas seu grande trunfo pode ser um final extraordinário (eu digo pode ser e já volto nesse ponto…)

Os irmãos Hughes surgiram com um cult subversivo intitulado Menace 2 Society de 1993, e foram celebrados como os próximos irmãos Cohen, mas isso nunca foi muito pra frente em outras produções independentes que nunc agraciaram nada tiveram a grande chance de adaptar o grande graphic novel Do Inferno, ainda com aval de Alan Moore em 2001 e desde então estavam parados. A sua volta já traria gluma visibilidade ao filme. O roteiro básico mas interessante seria um atrativo. Denzel e Gary oldman no carro da frente. Fotografia linda, boa produção e  acertar o clima para parecer homenagear o western.Estava tudo pronto para fazer algo interessante, mas o problema são os irmãos Hughes, que tem uma ótima visão para cenas de ação, sangue e criar grandes sequências nesse âmbito, mas, assim como Do Inferno, não tem noção da coesão do todo.

A princípio temos pequenas falhas que não seriam notadas em função de alguns acertos, como a cidade do bandido aparecer no meio do deserto árido, algumas noções passagem de tempo, a personagem da Mila estar trancada em um momento e no outro não, aqueles erros de continuidade de sempre e o fato de se no fim do mundo termos a Mila Kunis todo bonitinha desfilando por aí, não é necessariamente ruim. Não que ela esteja mal no filme, acho que esta muito bem, mas ela está muito arrumada no meio dos ogros. Ok. Isso passaria. A história tem momentos em que ela trava, mas vários filmes tem momentos altos e baixos, as cenas de decapitação compensam. Eles podem vir a pensar. Aí chega o final em que aquilo que deveria ser uma Revelação (pegaram?) é parte do público, pra outra tanto faz como tanto fez e para aquela que notou sai perguntando: “é isso né?” Aí a outra parte responde um sonoro “ah?”  Aí você explica sua noção da história, a outra pessoa parece ter um alumbramento, mas ai começa a relembrar “Mas se foi isso, como aquilo aconteceu, e como aquela cena no bar possível”. Aí você começa ver que o momento da revelação virou o momento da confusão, isso não é para ser um David Lynch, deveria ser um sexto sentido em que o final faz você olhar para traz e se sentir O idiota. mas não acontece, você sai com a sensação que tentaram forçar a barra.

Com certeza você não perde a diversão, mas fico triste pelo fato de terem perdido uma grande chance de nós dar um grande filme, era só ter feito o filme em função do final e não da sanguinolência, se quiser corrige umas coisinhas ali, outras aqui, melhora o roteiro ali e talvez você tivesse um clássico. Sei que não é fácil, mas a gente tem que pensar que é para começar a fazer, no final tivemos só um filme bom.