Podemos filtrar a inspiração primeiramente no antigo-culto-moderno-intelectual-pessimista-apatriótico na afirmação de que o cinema brasileiro é ruim. Podemos também ter nos inspirados nas críticas a Tropa de Elite, que o caracterizaram como um filme para ser vendido internacionalmente sem a cara típica do Brasil. Podemos também culpar estas linhas por um texto crítico de Machado de Assis em que ele simplesmente avacalha todo o Romantismo brasileiro, ao dizer que na procura da cor-local os romantistas acabaram se concentrando na palavra errada. Pode ser também um desabafo de alguém entediado... enfim, todas essas afirmações existem e podem não estar certas no todo, mas onde há fumaça há fogo.
Brasil é desconfiado por seus próprios habitantes, seja em política, economia, cinema, literatura, e até futebol no momento, as causas históricas destes são muitas. O historiador Luiz Nazario apontou na revista Reserva Cultural1, um dos motivos da decadência do cinema brasileiro com seu público, é um excessivo populismo (o cinema como meio político) que debandou as pessoas da sala de cinema no início dos anos 60, o cinema novo pode ter sido o evento de maior magnitude do cinema brasileiro mas desencadeou um intelectualismo político que ainda assola nossas produções, ora representada de maneira sublime O ano em que meus saíram de férias, sem esquecer os elementos humanos que nos aproximaram dos filmes, mas normalmente abordada de maneira mecânica como Quase dois irmões, e muitos outros que não entraram para a história.
Ao passo que muitos defendem ainda esse tipo de populismo, que só agrada aqueles que ainda tem um pé na ditadura, ou seja uma mínima parte da população, o cinema a começa a se desdobrar na tentativa de se criar algo mais universal para o mercado exterior. Cidade de Deus apesar de ser um meio termo entre as duas vertentes conseguiu ter uma linguagem de impacto em todas as partes do mundo. Estes dias me surpreendi em abrir um livro importado sobre a história do Cinema americano e encontrar um quarto de página dedicado ao cidade de Deus, isso é um mérito inquestionável até para quem não gostou do filme, o que me leva ao segundo ponto que é A Tropa de Elite, mascarado pela extrema propaganda e polêmica que mais alçam o filme , a única acusação da crítica (que sempre fica contra) e acusar o filme de ser internacional, de não abordar as questões políticas de maneira mais direta(!?). Lógico que o filme já tinha virado cult antes mesmo do lançamento e isso instiga o ódio profundo de todas as camadas ditas mais sérias, mas por trás desse discurso tão superficial, quanto daqueles que resumem o filme "muito loko", temos o mesmo veú do preconceito que impede nosso cinema de crescer, só que em sentido oposto.
O que me leva ao Machado de ASSIS, que produziu uma obra de caráter fundamental para a literatura mundial e tem muito crédito para criticar o Romantismo brasileiro, e me leva a pensar que o cinema brasileiro sofre do mesmo mal dos românticos. Segundo Machado em sua irônia usual, eles sofriam de uma extrema concentração na literatura BRASILEIRA, quando deveriam primeiro descobrir a LITERATURA brasileira, para assim constitiur algo que fosse ao mesmo tempo invenção artística e depois patrimônio nacional, algo só alcançado no modernismo da primeira geração, que ainda por si é um modernismo que aponta para a classe dominante e alta paulista. Pois o que devemos pensar de nosso cinema é que não pode ser reciclagens de cinema novo já que a época não exige isso, ou pornochanchadas dos anos 80 que desprestigiou ainda mais essa imagem. Devemos pensar sobretudo na unidade cinematográfica como um todo, nas revoluções estéticas, e não em filmes que imitam a teledramarturgia como Olga e Primo Basílio, devemos reconquistar primeiramente o gosto de nossa nação e a universalidade tanto buscada no cinema mundial.
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