quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Melancolia – Lars Von Trier

 

MELANCOLIA Quando Lars Von Trier apresentou seu novo filme em cannes desse ao, o que sempre foi um grande evento dentro da Riviera se tornou no maior evento evento dos últimos anos quando na conferência com os jornalistas o fantástico senso de humor, ou falta de, entrou em cena nas declarações exaltando Hitler e ao nazismo. Com certeza fazer piadas desse calibre no Brasil, na Argentina poderiam sair um pouco menos ofensivas, mas na Europa em especial na França traumatizada pela “ajuda” aos alemães na guerra e com um diretor judeu, iria dar merda. Lars foi expulso, se disse depressão e anunciou um pornô. THE SHOW-MAN!

E eis que durante essa época eu fiquei me indagando que as pessoas falavam mais disso do que do filme em si. Estava frustrado com a falta de informações do filme em si, mas na pré-estréia de ontem eu entendi que o dinamarquês não dá ponto sem nó. Todo o teatro do Reich tentou e conseguiu fazer uma coisa bem simples, esconder que o filme É bem ruim.

Olhem eu sou o cara que foi a defesa do Anticristo, que apesar de achar DogVille e Dançando no Escuro um tanto quanto extensos, não tirava estrelas pelas histórias bem construídas dos filmes, especialmente pelo seu final. Que por mais de não simpatizar com um diretor que se considera “o melhor diretor do mundo”, não deixava isso afetar minhas críticas aos filmes. Contudo tenho que admitir não dá para engolir Melancolia, onde todas as falhas do cineasta emergem para uma projeção que além de fraca é chata.

O filme começa com belas imagens em câmera lenta, a ópera de Wagner estremecendo a sala de projeção. Aquela grandiloqüência que já virou marca do diretor. Ótima abertura, um tanto surreal e confusa. você se pergunta o porquê mas assim como no Anticristo ela deve ser explicada mais pra frente. Primeira parte: JUSTINE. O casamento de Justine (Kristen Dunst) e a festa organizada pela família que incluem uma irmã obcecada por controle (Charlotte Gainsbourg); Um noivo submisso; Um chefe filho-da-puta; uma mãe niilista. um pai bonachão e um cunhado podre de rico que só pensa em dinheiro. Uma família pronta para tornara noite um inferno, cheio de personagens planos que servem para banalizar a instituição do casamento. Até aí temos um filme nota 7, mas a noiva começa a pirar no potato e o casamento bate incríveis recordes de separação. Esquisito.

Chegamos a parte dois, alias eu não entendi porque o filme foi dividido em duas partes, mas enfim parte dois CLAIRE. E aí amigo, tudo saí fora dos trilhos e filme descarrilha para o arrastamento da história, a FC mais fajuta já contada e o pior de tudo é que a história é óbvia, insuportavelmente óbvia e ainda assim é explicada com todas as palavras para que até um recém nascido-entenda o que Lars von Trier quer dizer. No enredo algum tempo depois Justine está num estado catatônico, que podíamos dizer que é devido a uma (adivinhem?) melancolia com relação ao mundo, ao mesmo tempo foi descoberto um planeta escondido atrás do sol (??) que está em rota de colisão ou não (??????) com a Terra. Você decide Tony Ramos pergunta. Justine acha que a terra é má e vai fazer kabum, Claire não quer acreditar nisso. Ah, sim… o nome do planeta: Melancolia.

A primeira parte e a segunda se juntam de uma maneira…original, mas bem fraca da maneira como é apresentada. As pessoas estarão certas ao afirmar que não É uma FC, e que melancolia é uma metáfora do mal que vai destruir a terra. O que está certo mas também é fato que o planeta existe dentro do filme e este se propõem a ser uma FC, mas ao contrário de Tarkovsky que criou filmes extremamente filosóficos respeitando o gênero (Solaris, Stalker, O Sacrifício) Von Trier esquece do gênero e se foca no medo da personagem de Claire, contudo essa parte destoa tanto da primeira e se alonga tanto que o que era para ser a terrível dor perante o abismo se transforma numa queda que nunca chega ao fundo se tornando maçante. E a grande mensagem chocante de Lars, que nunca falta, também se perde pois se formos resumir poderia ser assim: Um filme com uma mensagem claramente niilista e ateia, que se pauta numa explicação mística. É difícil engolir.

Kristen Dunst está ótima. É o único papel com profundidade do filme, o resto são personagens bem simples que querem mostrar como o mundo é mal. Contudo mesmo o roteiro sendo simples, mesmo a proposta sendo a princípio original e a atriz estar bem no papel ninguém pode brilhar mais que Von Trier. Então temos primeiro os adornos dispensáveis, a câmera lenta, a divisão em partes, as cenas belas que não se encaixam mas são bonitas (Kristen Dunst nua sendo banhada pela luz azul do planeta chegando, linda… e dispensável. Mostra o óbvio novamente). A gratuidade de torturar a personagem de Dunst. Depois temos as cenas do cotidiano dispensáveis que atrasam o filme e demonstram como Lars realmente não tem ritmo para contar uma história “normal” pois essa é sua história mais normal.

E o calcanhar de Aquiles é a simplicidade da trama, se em Dançando ninguém imagina que no final Bjork é enforcada, em Dogville vai haver uma chacina ou todas as cenas fortes de Anticristo, aqui não há nada. A mensagem de desesperança não é uma coisa chocante e sem o choque o cinema de Von Trier é reduzido ao excesso de sua mão pesada na cotação da historia e aí todos as outras falhas emergem e vira uma meleca.

Foi a grande decepção do ano até o momento. Só salvo a Kristen Dunst e a cena final. que é linda do ponto de vista visual e encaixa com a proposta do roteiro, mas de novo. É ÓBVIO. É IRRITANTEMENTE OBVIA. Agora vem o pornô. Felação em close em câmera lenta… Bem pode ser interessante.

NOTA: 3/10

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom Nemesis! Mas, vou ter que assistir :P