domingo, 20 de maio de 2007

Cinema: O horror no cinema contemporâneo.

Gostaria de começar dando as boas vindas aos leitores ao nosso blog, uma tentativa de difundir cultura e pensamentos que se torna possível em nosso admirável mundo novo, um mundo da velocidade e da técnica em que as pessoas já não são chocadas facilmente no escuro e frio de uma sala de projeção.

Quando o cinema surgiu no final do século XIX não passava de uma sequências de imagens em movimento que espantavam os espectadores com sua magia. Mais a fundo na década de 20 a produção cinematográfica começou a encorpar na forma de filmes mudos que exploravam as sensações diferentes que esta magia poderia proporcionar, seja na beleza das imagens com filmes como Metropolis e Intolerância, que seriam as chamadas "superproduções" da época em seu intuito de maravilhar o espectador, seja explorando as emoções mais primárias como o riso (Chaplin) ou o horror principal atrativo do cinema alemão com os clássicos, Fausto e Nosferatu, assim como no cinema americano com Drácula, Frankenstein, e outros nos anos 40.

Mas como toda a arte, a nossa sétima arte passou por modificações sérias. Alguns gêneros emergiram, outros desapareceram. Um dos muitos gêneros praticamente desfigurados na nova época cinematrográfica é o Terror. Muitos poucos filmes conseguem inspirar em seu espectador a angústia e sofrimento do medo no cinema, o terror é normalmente caracterizado por filmes em que um serial killer esquarteja adolescentes, contudo aquele terror produzido pelo encantamento do desconhecido perdeu muito de sua força pela evolução da técnica que consegue hoje em dia mostrar praticamente tudo por meio de maquiagem ou efeitos especiais. Curiosamente o melhor horror já produzido nos últimos anos usufruiu do antídoto contra esse veneno: a omissão do pesadelo, a insinuação do horror que é o suficiente para deixar a audiência em transe com sua imaginação, aumentando aquela sensação de que não se está sozinho, de que o desconhecido pode atacar, este recurso é visto principalmente na Bruxa de Blair, em que não se mostra nada, mas se escuta os ruídos dos passos da bruxa, das almas cantarolantes das crianças e o genuíno sofrimento das pessoas em terror, em o Sexto Sentido a ação é mínima, contudo o medo incomum do personagem de Osment, ou a simples ideia de que fantasmas são como seres humanos presos em sua ilusão é o suficiente para deixar o seu espectador pensativo... o que incomoda no filme não é o fato de que o personagem de Willis está morto, e sim a identificação com este.
Contudo o cinema pelas imagens chocantes ainda existe, só que o horror escapa desse primeiro plano e se torna um elemento integrante de outros filmes com premissas iguais: Requiem para um sonho, inspira o horror pelo pesadelo do mundo das drogas, com cenas fortes e truques cinematográficos, o mergulho do desespero humano é mais forte do que qualquer monstro, em A queda - o último dias de Adolf Hitler o horror se personifica na mente distorcida daqueles que seguiam as ordens de Hitler, a sequência de suicídios e assassinatos de crianças, apesar de sutis, chocam pela concretização de uma época que realmente ocorreu. O recente Baixio das bestas a violência e abuso contra a mulher é uma degradação da sociedade ainda não vista, o único problema é que neste filme ela chega a ser excessiva demais e se torna a única coisa do filme. A grande constatação de atmosfera de terror vem como O Labirinto do Fauno, em que apesar de petrificar a plateia com seus seres e cenários além da imaginação, joga a mesma a nocaute com seu entremeio de morte em função da guerra, em que o grotesco ganha novos ares. O aterroziante é a guerra e não a fantasia.
Podemos então notar que a degradação do horror é em função do mundo em que vivemos, em que a ilusão e sensação alcançada em uma sala de projeção é inferior ao verdadeiro medo de se viver fora dessa sala.

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