Já há algumas semanas em cartaz está o filme coreano Lady Vingança, a direção é assinada por Par Chan-wook, o mesmo do supreendente Oldboy, alias este é o filme que encerra uma trilogia: Sympathy for Mr. Vengeance (que não estreou no Brasil), Oldboy que foi um sucesso em dvd, e este belo filme, que prima pelo visual belo dos cenários em contraste com a grossa violência de certas partes.
O filme tem uma história que se revela aos poucos aos olhos do espectador, mas que segue a premissa dos anteriores: Uma personagem, no caso a bela Lee yoeng-ao, é condenada por um crime que não cometeu e passa o filme a planejar sua vingança. A fria mulher que saí da cadeia já tem tudo elaborado, conta com a ajuda de outras condenadas para realizar seu plano, mas o mais incomodante não é a violência que permeia o filme e sim o fato do espectador por meio da narrativa até a concordar com esta violência, assim como a personagem pede aos pais da vítimas para votar se querem o extermínio do verdadeiro assassino ou o encarceramento do mesmo.
Essa sensação não é incomoda por menos e pode ser exemplificada pela onda de filmes com temáticas fortes e altos níveis de violência, sendo as vezes estilizada ao absurdo como em Kill Bill ou colocada em sua forma crua como no recente e exagerado Baixio das Bestas. Esse acúmulo de violência não é senão reflexo do mundo atual em que vivemos, mundo em que podemos ver nas atrocidades de uma ficção os Infiltrados, tanto como na fantasia de terror Labirinto do Fauno.
Um outro motivo é a linha de narrativa em que somos transportados no filme de Park, a revelação gradativa se faz primeiro na injustiça contra a personagem principal, depois na vida em flashblacks do presídio, para terminar em uma chocante revelação sobre o verdadeiro motivo do assassinato, que é sem propósito e que envolve algumas (muitas) crianças, podemos dizer que o último ponto a causa o choque no espectador do filme seja a matéria bruta que este trata: assassinato infantil, quando o filme nos mostra os vídeos das crianças em seus últimos momentos (em especial a que será enforcada) é quase impossível por mais insensível que seja o espectador não sentir o mesmo desconforto que os pais daquelas crianças, o ódio pelo assassino, ou o lado obscuro da alma humana crescendo.
Um filme imperdível como tantos outros que andam a circular pelos cinemas, que mostra a justiça onde ela não pode existir, em uma forma mais primitiva que as leis humanas. Em meio a tantos filmes que exploram essa temática, ou variações dela, temos que dar cada vez mais valo as Pequenas Miss Sunshine que nos aparecem de quando em quando.
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