quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

DÚVIDA É FANTÁSTICO! NÃO LEIA OUTRA CRÍTICA!

Isso mesmo! Não leiam os outros críticos, eles não entenderam. (lógico que estou sendo hiperbólico, mas em um mundo regido pelo politicamente correto eu não posso pedir para não fazerem algo, senão serei um fascista). Brincadeiras à parte, o filme me supreendeu, eu esperava quatro ótimas atuações, mas não um filme com um roteiro e direção tão envolventes, que é a melhor descrição desta história.
No final da década de sessenta, em uma escola de educação religiosa, a diretora Irmã Aloysius (Meryl Strepp) começa a desconfiar que o padre Flynn (Phillip Seymour Hoffman) molestou um menino do colégio, justamente o único aluno negro da escola, adicione isso Amy Adams, uma jovem atriz que desponta cada vez mais como uma veterana e Viola Davis que com uma única cena roubou o filme para ela e você tem um caldeirão de tensão do início ao fim. Em meio a isso tocamos nos dogmas da Igreja, o conflito entre a tradição e a inovação, a pedofilia, o homossexualismo, preconceito racial e violência familiar, o que deve ter irritado muita gente, pois nenhum desses assuntos é aprofundado dentro da obra, mas aí é que está o ponto de Dúvida, esses não são os pontos centrais do filme! O ponto de toda a discussão é a natureza da dúvida em si, como na parábola de padre Flynn ela é como várias penas voando, impossíveis de se reunir novamente ao travesseiro, perorrendo o mundo e transformando ao ponto de você não saber o que é Verdade ou ilusão, o que é bem ou mal. Em certo momento a pastor fala a Amy Adams sobre a natureza do amor, e como os outros tentam destruir isso em torno da "virtude". E o amor em sua forma pura? é uma forma de justificar o ocorrido? é uma alusão ao homossexualismo? Não dá para resolver, roteiro se contrói em meio a dualidade dos discursos.
Em contraposição a Flynn e a história como uma todo, esta Meryl Strepp, mostrando simplesmente por que ela é a maior atriz dos gringos, em seu dragão da virtude, envolvido pela couraça da tradição, ela não permite a liberdade dentro do convento ou na escola, ela tem mais veneno que sua personagem em Diabo Veste Prada e sua acusação é completamente infundada por nenhuma prova, olhando com frieza para história, mas dentro da sala de projeção você simplesmente não consegue escolher um lado, você está junto com Amy Adams completamente atordoada pelo embate, mas ainda desperto de seus valores. Viola Davis como a mãe resignada começa encolhida, metodicamente interpretando uma mãe negra do Bronx da década de 60, mas vai em uma ascendência incrível para cima da irmã Aloysius, mostrando que ela ficaria com o filho em qualquer hipótese, mesmo que seja para aceitar a felicidade deste ao lado de um padre (?!) , parece loucura, mas o grau de veracidade é o que mais impressiona no discurso dela.
A briga é muito boa entre os atores, o que acaba se tornando o grande atrativo e também a grande crítica por não haver um desenvolvimento maior da trama. O que é um estupidez, está tudo na medida certa dentro do filme. Seu filme propõem uma resolução, mas até está é posta em dúvida.
Agora, passando para o lado comercial de Dúvida, ele foi muito mal lançado, seja em seu país de origem, seja aqui. O trailer basicamente já diz tudo a respeito do filme, o que ou deixa o espectador de primeira viagem querendo mais, ou afasta o público de uma obra tão bem acabada. Uma pena.
Por fim vamos causar certa polêmica, a cena crucial é o confronto da diretora com a mãe do menino, o que a atuação das duas ganhou com a direção sutil de um momento de teatralidade intensa foi grande, e há particularmente nessa sequência uma sutileza de certo cineasta sueco, que melhor trabalhou o teatro no cinema. Fiquem de olho no que John Patrick Shanley pode aprontar no cinema, pode ser uma completa viagem minha, mas os deixará com algumas dúvidas.

Nenhum comentário: