Se você achou que após o mundo azul de James Cameron nada mais poderia te encantar na tela grande, o diretor mais visualmente impactante dos últimos anos não poderia deixar esta briga ser vencida tão facilmente por Cameron e fez do mundo colorido de Um Olhar do Paraiso uma outra experiência visual que o transporta em todos os sentidos para o drama de Susan Salmon, uma menina cruelmente assassinada na década de 70 presa entre sua vontade de voltar para casa e a passagem natural a um outro plano. Longe de ser o primeiro filme espírita do mundo, Um Olhar do Paraíso faz o que Peter Jackson mais se habituou a fazer, criar emoções a partir da fantasia.
A tarefa é quase uma loucura cinematográfica que vai deixar muita gente insatisfeita, pois ele vai tentar combinar dois pontos muito distantes entre si. De lado a história é de um crime hediondo executado a sangue frio e muito próximo da realidade, e no outro lado a criação de um mundo de aquarela que simboliza o paraíso de Susan, belo em todos os sentidos e trágico ao mesmo tempo. Esse contraste é conduzido com um pulso firme, apesar de não funcionar todas as vezes não chega a prejudicar o andamento do filme. Susan (Saoirse Ronan, a menininha chata de Desejo e Reparação no caminho para ser um a grande atriz) é uma menina comum que adora tirar fotos e sonhar com rapazes, um belo dia voltando para casa encontra o vizinho Sr. Harvey (ótimo Stanley Tucci) que a assassina de forma brutal. A Partir daí ela vive em seu paraíso observando a vida de seus pais (Mark Wahlberg e Rachel Wiesz discretos) em meio a dor e o assassino já pensando em sua próxima vítima.
O filme tem partes tensas, contudo não espere cenas fortes como em a Troca, ou uma violência explícita, Jackson cria mais tensão com o andamento que dá ao personagem de Tucci, um assassino sangue frio revelado desde o primeiro minuto do filme, metódico e impenetrável. Ele passa o tempo rememorando os seus assassinatos, não tem um pingo de remorso ou de qualquer psique que demonstre o porquê de suas ações, ele é um psicopata tão distante do expectador que é assustador! Saoirse é o outro ponto forte do filme, muito mais encantadora do que sua última personagem em tela grande, consegue dar vida ao mundo imaginário de Jackson, que por si só é um show a parte. A história começa a tomar uma outra linha quando o pai de Susan começa a investigar por si só o assassinato da filha e devo dizer que um dos melhores atrativos é que a história vai tomar rumos que não são tão óbvios com o decorrer da projeção até seu final em narração que dá um sentido final a toda a viagem de Susan. Belo e trágico ao mesmo tempo, porém quase se incinera também no final.
Me parece (é só um palpite) que a produção, apesar de Peter Jackson estar no meio, ter tentado aos 45 do segundo tempo mudar um pouco o final do filme para algo mais tradicional, e eis que no meio da narração final de Susan nos aparece um cena que não tem nada a ver com filme até o momento, quase um ato desesperado de tornar o filme mais acessível ao público e totalmente desnecessário e do ponto de vista artístico, uma barbeiragem total. Não é nada que destrua o filme, mas você sai com a noção de que não precisava ter visto aquilo. E eu convido vocês a verem o filme, e porque eu não quero dar nenhum spoiler, me digam se localizaram e se concordam comigo, enfim… continuando não é o melhor filme de 2010, mas é mais um trabalho competente do hobbit mais imaginativo da Terramédia, vale a pena o ingresso.
2 comentários:
sem spoilers??? que mais vc poderia contar????
Não confiem na mensagem acima. Não há nenhum spoiler.
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