segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Amor sem Escalas, Jason Reitman

amorsemescalas

 

E a tradução brasileira faz mais uma vítima, lógico que a intenção é fazer o filme vender mais, contudo imagino as menininhas apaixonadas que veem um cartaz de um filme com Amor no cartaz correrem para dentro da sala de exibição e ficarem chocadas com o triste filme de Jason Reitman, em que happly ever é um conto de fadas.

Amor sem escalas é um filme sobre muitas coisas mas com toda a certeza não é sobre amor. Até a mais apaixonada personagem sucumbe a realidade do mundo ao levar um pé na bunda via torpedo. Up in the air, seria traduzido como Sem chão, Nas nuvens, Pairando no céu, muitas opções mas nenhuma que tenha Amor no título, pois é sacanagem vender o filme desta forma.

Ryan (George Clooney em interpretação sutilmente eficaz) é um funcionário de  um singular empresa que demite as pessoas no lugar dos chefes. Não entendeu? Bem simples. Um belo dia aquele funcionário de 20 anos de empresa precisa ser despedido e como o chefe não tem coragem, surge  Ryan que vem com toda a sua lábia demitir o coitado e lidar com qualquer reação que esta tenha. Estranho? Bastante, não pesquisei para saber se uma empresa deste tipo existe, mas eu creio que exista quase tudo no mundo. A grande sacada desta história é ver como ela se encaixa na atual situação americana, com demissões em massa e muitos desempregados. Em dado momento o chefe de Ryan comenta a respeito e informa “Este é o nosso momento!” frase que escancara a crítica e dá o tom de um filme em que permeia um humor negro muito sutil vindo principalmente os monólogos interiores de Ryan.

Ryan é um personagem que detesta os laços humanos, odeia ficar em casa (no último anos ele passou 43 dias em casa e odiou) e passa maior parte da vida sobrevoando os Estados Unidos e demitindo pessoas por outros. Sua grande paixão, aquilo que o deixa bem, é ficar dentro de um avião ou de um hotel. Em uma dessas viagens ele conhece uma pessoa como ele, Alex (Vera Farminga), ao qual mantém uma espécie de relacionamento casual que irá crescer durante o filme.

A outra mulher que vai intervir na vida de Ryan é  Natalia (Anna Kendrick) ao quem ele precisa treinar no serviço. Essa personagem tem um plano revolucionário para a empresa que é cortar as viagens dos funcionários, com meio de cortar despesas. Para isso as demissões agora serão feitas por videoconferência! Além de receber a notícia de que depois de todos esses anos seus serviços não são mais necessários, a pessoa verá isso por meio de um computador, nem mesmo uma pessoa virá informá-lo. Toda essa trama vai culminar em todas as suas ramificações para criar um mundo em que a impessoalidade é total.  Um mundo muito próximo do nosso e por isso, e principalmente por seu final, é que este filme está sendo ovacionado, merecidamente, diga-se de passagem. Ele pega todas as regras de uma comédia romântica, cria uma história tão agradável, em que as coisas podem dar bem para jogar seu espectador no limbo da depressão.

Possivelmente é um dos filmes mais tristes que já vi no cinema, muito um função da interpreta ção de George Clooney e pessoalmente pois sinto que muitos de nós estamos caminhando par virar um eventual Ryan e o que fica bem claro é que certas coisas, decisões ou fatos da vida, não tem volta. Talvez o mais aterrorizante seja ver em sua palestra sobre se desapegar das coisas da vida (tanto materiais como humanas) para poder viver, e você secretamente concordar com essa visão de mundo pois ele é muito bem escrito para evocar a emoção certa na hora certa, por isso também que seu final é tão destrutivo. Vão assistir pois é um filme que reflete o agora, com ótimas atuações e um roteiro esperto, mas fica o aviso para os mais sensíveis não há nada de Amor no filme.

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