domingo, 6 de novembro de 2011

Pele que Habito, A – Pedro Almodóvar

 

a-pele-que-habito-2317 Sim, estou meio desaparecido, mas o meio do ano não instiga a criticar filmes espero retomar o bom ritmo nesse final.

Depois do fantástico Meia-Noite em Paris, da nova (nova) ressureição de Terrence Mallick como o ópio de Árvore da Vida e minha decepção com a Melancolia previsível de Lars VonTrier (que o mundo parece ter gostado), a duvida do ano era Pedro Almodóvar que em situação mais limite fez o mundo se dividir com o filme ao lado. Isso muito me lembra a estréia de Vicky Cristina Barcelona, em que o mundo pareceu entrar em consonância ao concordar que o pequeno Woody tinha virado Almodóvar.

Com distância e sabedoria que o tempo nos dá, Vicky não tem nada a ver com o diretor espanhol e muito mais com o nova iorquino mesmo, e como um deja vu a isso muita gente vai dizer que Pele que Habito não parece um filme do Almodóvar.  Mas tentando nos antecipar ao tempo, esse provavelmente é um dos filmes mais normais do espanhol, na parte estética, mas com um dos temas mais almodovarianos de todos os tempos.

Pele que Habito, é uma adaptação do romance Tarântula de Thierry Jonquet, que a princípio foi descrito como o primeiro trabalho de terror do espanhol, entretanto Além da Vida também assim o fora descrito no começo, fato é que esses diretores acabam sempre fazendo um híbrido dos gêneros com a própria característica que os marcaram. Nesse ponto devemos começara ver o filme na verdade como um suspense e por isso mesmo eu estou enrolando um pouco para começar a falar pois a história é muito simples e um dos segredos do bom suspense é que você saiba pouco sobre a história em si como explicou o mestre Hitchcock com o Psicose..

Numa casa afastada da população um cirurgião plástico dá uma palestra sobre o transplante de rostos numa universidade, e em sua casa a empregada alimenta uma prisioneira que veste um colante e faz ioga, enquanto espera passivamente a volta de seu algoz: O cirurgião interpretado por Antônio Bandeiras. Por que essa situação insólita? quem é essa mulher de nome Vera? Só há uma dica que é dada desde o início, ela se parece absurdamente com a falecida esposa do neurocirurgião. Acho que até já falei demais, mas esse é o fino tecido em que o filme se desenvolve: Há crimes do passado, sexo, personagens insólitos como o tigrinho (risos) e uma história que em certo momento parece uma coisa de ficção científica (transplantes de rostos eu só vi Naked Face do John Woo) e consegue ficar ainda mais estranha.

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No ponto do gênero o que eu quis dizer acima é que não é um filme de terror, pois não dá para se assustar em nenhum momento, nem mesmo há coisas grotescas na tela com esse intuito. No ponto do suspense também não tem nada que inspire a tensão, a reviravolta é bem orquestrada mas não chega a ser totalmente surpreendente, entretanto sempre conspira a favor é que todos os elementos do cineasta espanhol encaixam bem nesse história o misto de humor e drama, a estranheza das situações que é tratada com naturalidade, o relacionamento estranho desenvolvido que é verossímil, a belíssima  fotografia em cada frame e o eterno questionamento sobre a sexualidade humana nas entrelinhas, o que permite ver o filme como um alegoria também.

Se o filme tem uma falha mesmo não é ignorar o suspense que tinha sido prometido, mas sim em seu final não aprofundar a história em certos pontos, nesse ponto a história nunca se complica  ao extremo e posso até pensar que esse é um filme até mais light que os demais do cineasta. Mas sair do cinema querendo mais depois de 135 minutos de filme, e não notar o tempo decorrido, é coisa de mestre.

NOTA: 9/10

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