quarta-feira, 17 de junho de 2009

INDIGNAÇÃO, Phillip Roth


Estou indignado, não pelos mesmos motivos que afligem o protagonista deste romance, mas pelo fato do mesmo ser um completo idiota e não perceber isso nem tendo a eternidade para rememorar sua trágica história de 19 primaveras.
Tenho um grave problema com Phillip Roth, até o momento podendo ser ilustrado pelo dito popular do oito-oitenta. O Homem Comum foi depressivamente chato, quase caí de sono na página 40 de 120, em compensação o Fantasma saí de Cena foi um dos livros mais originais do ano passado, combinava o tom melancólico que sua escrita simples parece sempre conter, com uma análise dos demônios que assolam o país do Tio Sam recentemente, e até onde li o Complexo de Portnoy, ele era engraçado, mas não terminei por motivos que estão além de minha pessoa. Isso faz que você ao mesmo tempo fique ansioso com um novo livro, ao mesmo que apreensivo pois não sabe extaamente sobre o que vai ler. Nesse caso foi muito mais próximo do Homem Comum.
Meu problema não é com o nível técnico do escritor norte-americano, mas o nível de melancolia que ele expressa é um prato cheio para os seus fãs, mas para mim é uma ânsia tal qual a de Marcus Messner.
Aqui temos um personagem adolescente prestes que entra em uma faculdade para fugir do pai, que acha que ele está correndo perigo de vida até por atravessar a rua, completamente louco, louquíssimo para que o filho morra ou para que algo aconteça, um tonto completo, mas ele é só um coadjuvante, nosso protagonista é a sombra de uma medo crescente também, mas um medo proveniente de uma possibilidade de socialização. Na faculdade ele quer ser deixado em paz, não quer amigos, rejeita a tradição, não se junta a nenhuma fraternidade, desconfia quando uma menina se interessa por ele e despreza o diretor de uma faculdade católica, e alias, ele é ateu! Só saliento a contradição de um ateu entrar em um orgão cristão e se irritar por fazerem rituais cristãos.
A chave para entendê-lo está no diretor que resolve o quebra cabeça que é Marcus Messner, não e um quebra cabela difícil, e apesar de não precisar de uma explicação tão didática ele a fornece: Marcus sempre que vê algum desafio na vida, ou alguém que não partilhe de sua opinião foge, se esconde ou ignora, mas não tenta compreender, ou respeitar ele se põem em um nível tão alto que acha que todos são cegos, ao ser confrontado com esse disparate, faz aquilo que sabe melhor, se indigna a ponto de vomitar na sala do diretor.
Sucumbe aos pedidos da mãe, que é judia, com uma facilidade que só salienta sua falta de maturidade. Se apaixona por uma, mais pela possibilidade sexual do que por ela mesma (sério, é uma personagem plana, ele não a entende de maneira alguma, repete para si mesmo que suas atitudes são devido ao fato de ter pais separados?!) e se desapaixona porque descobrir que ela tentou se matar, posso continuar descrevendo as desventuras por horas, mas eu me irritaria.
Tenho certeza que é uma questão de gosto, seu final é um movimento natural afinal ele é um autor-defunto, e não deixa de ser engraçado pois eu já estava querendo matar o personagem! A orelha do livro diz que é um romance sobre amadurecimento, mas eu digo o contrário é um livro sobre a impossibilidade de amadurecimento e vale uma leitura, contudo vá preparado. Se você é fã, vai adorar!

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