terça-feira, 29 de dezembro de 2009

GUERRA AO TERROR, Kathryn Bigelow


Tirando de lado o infeliz título nacional que salienta o esteriótipo do povo do Oriente Médio, The Hurt Locker é um interessante filme sobre o dia-a-dia de uma equipe de desarmamento de bombas no Iraque, ao receber um novo líder faltando 38 dias para o término das atividades a vida do grupo muda radicalmente pois James, é uma pessoa difícil que entra de cabeça nos riscos de se deparar com bomba mortais em plena guerra no Iraque,

De um lado este filme é um avanço artístico em como a guerra atual vem sendo retratada na tela grande, em que anda servindo para qualquer filme de ação em que os inimigos não precisem de muitas motivações a não se a etnia. Bem... vimos isso no cinema americano por um bom tempo quando se tratava de russos, ou dos vilões mais pops do século XX, os nazistas, Hurt Locker não tenta complicar demais as relações dos fuzileiros diante dos inimigos islâmicos, há alguns resquícios, mas as relações intrínsecas ou motivações dos guerrilheiros iraquianos, para isso você vai ter que ver Paradise Now, por outro lado não há julgamento dos personagens ou qualquer sentimento de patriotismo sendo lançado nas cara do público como o cinema de propaganda.

Sua inovação artística está em demonstrar essa guerra da perspectiva dos soldados com extremo realismo sendo quase confundido como um documentário real, além de construir um tensão frequente em seus momentos chaves que desordenam os sentimentos dos soldados enviados na missão. Esse é sobretudo um filme sobre soldados e para isso, constroem um personagem provável para condensar tudo que possa existir no interior de um soldado: Sua valentia estúpida, alguém próximo de ser um louco, que corre risco de se envolver, chora e tem dúvidas sobre a missão. Os culpados por essa concepção são a diretora Kathryn Bigelow e o ator principal Jeremy Renner, a primeira por conseguir fundir sentimentalismo e tensão em um filme só, o segundo que com um trabalho competente consegue criar complexidade em um personagem que poderia ser um simples action hero. A complexidade é ideal para se entender o sentido mais profundo a que o filme se pretende sutilmente sendo explicitado na primeira frase do filme “The war is drug”. Não uma droga nem seu sentido denotativo, mas uma droga real que vicia o personagem principal e o torna incapaz de se adaptar a sociedade. Ele precisa da adrenalina da guerra para viver, precisa quase morrer para viver.

Esse é um dos principais concorrentes à premiação do começo do ano: Globo de Ouro, Oscar, SAG, Bafta, etc... é um filme lançado no começo do ano em solo americano e que chegou aqui direto em dvd em abril. Então você pode assistir no conforto do lar um filme que pode ganhar o Oscar de melhor filme em fevereiro. Creio que isso deva significar alguma cosa, mas ainda não teria palavras para expressar. Só indico que isso também deva explicar este título em português estranhíssimo que nada tem a ver com o filme ou o fato de encontrarmos no poster do dvd só o nome das participações especiais (Ralph Fiennes, Guy Pearce e David Morse devem somar 10 minutos de projeção o todo) e não dos atores principais. Mas são só perguntas sem respostas.

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