quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

FELIZ 2010 COM TOPS


Bem pessoal, um ano se foi e agradeço a todos que me leram e espero continuar por muitos e muitos anos escrevendo bobagens.
Para comemorar a passagem de ano fiz um pequeno top a respeito a respeito dos assuntos usuais deste site. Tudo que mais me tocou está aí embaixo. Espero que gstem:

Um abraço e Feliz 2010
CINEMA

1 – Distrito 9, Neil Blokamp (USA/AFS)
2 – Avatar, James Cameron (USA)
3 – Anticristo, Lars Von trier (USA/DIN)
4 – Valsa com Bashir, Ari Folman (ISR)
5 – Bastardos Inglórios, Quentin Tarantino (USA)
6 – 500 dias com ela, Mark Webb (USA)
7 – Desejo e Perigo, Ang Lee (CHI)
8 – Up – Altas Aventuras, Peter Docter (USA)
9 – Coraline, Henry Sellick (USA)
10 – Star Trek, J.J. Abrams (USA)
11 – Abraços Partidos, Pedro Amodovar (ESP)

Livros Adultos
1 – Primavera num espelho Partido, Mario Bennedetti (URU)
2 – Filho da Mãe, Bernardo de Carvalho (BRA)
3 – Leite Derramado, Chico Buarque (BRA)
4 – Caim, José Saramago (POR)
5 – Estrada, A, Cormac McCarthy (USA)
6 – Zazie no Metrô, Raymond Queneau (FRA)
7 – Fantástica vida breve de Oscar Wao, Juniot Diaz (USA)
8 – Luuanda, José Luandino Vieira (ANG)
9 – Antes de nascer o mundo (Jesusálem), Mia Couto (MOÇ)
10 – Syngué Sabour – Pedra-de-paciência, Atiq Rahimi (AFE)
11 – Garoto no Convés, John Boyne (ING)

Livros Infantis e Juvenis
1 - Marcelino Pedregulho, Sempé (FRA)
2 – Tem um cabelo na minha terra, Gary Larson (USA)
3 – Caneco de Prata, João Carlos Marinho (BRA)
4 – Hoje não quero banana, Sylviane Donnio; Dorothée de Monfreid (FRA)
5 – Ladrão de Raios, Rick Riordan (USA)

Quadrinhos

1 – Retalhos, Craig Thompson (USA)
2 – Sandman: Entes Queridos, Neil Gaiman (USA)
3 – Jimmy Corrigan: O menino mais esperto do mundo, F.C.Ware (USA)
4 – Nova York – a vida na grande cidade, Will Eisner (USA)
5 – Sandman: Vidas Breves, Neil Gaiman (USA)

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

GUERRA AO TERROR, Kathryn Bigelow


Tirando de lado o infeliz título nacional que salienta o esteriótipo do povo do Oriente Médio, The Hurt Locker é um interessante filme sobre o dia-a-dia de uma equipe de desarmamento de bombas no Iraque, ao receber um novo líder faltando 38 dias para o término das atividades a vida do grupo muda radicalmente pois James, é uma pessoa difícil que entra de cabeça nos riscos de se deparar com bomba mortais em plena guerra no Iraque,

De um lado este filme é um avanço artístico em como a guerra atual vem sendo retratada na tela grande, em que anda servindo para qualquer filme de ação em que os inimigos não precisem de muitas motivações a não se a etnia. Bem... vimos isso no cinema americano por um bom tempo quando se tratava de russos, ou dos vilões mais pops do século XX, os nazistas, Hurt Locker não tenta complicar demais as relações dos fuzileiros diante dos inimigos islâmicos, há alguns resquícios, mas as relações intrínsecas ou motivações dos guerrilheiros iraquianos, para isso você vai ter que ver Paradise Now, por outro lado não há julgamento dos personagens ou qualquer sentimento de patriotismo sendo lançado nas cara do público como o cinema de propaganda.

Sua inovação artística está em demonstrar essa guerra da perspectiva dos soldados com extremo realismo sendo quase confundido como um documentário real, além de construir um tensão frequente em seus momentos chaves que desordenam os sentimentos dos soldados enviados na missão. Esse é sobretudo um filme sobre soldados e para isso, constroem um personagem provável para condensar tudo que possa existir no interior de um soldado: Sua valentia estúpida, alguém próximo de ser um louco, que corre risco de se envolver, chora e tem dúvidas sobre a missão. Os culpados por essa concepção são a diretora Kathryn Bigelow e o ator principal Jeremy Renner, a primeira por conseguir fundir sentimentalismo e tensão em um filme só, o segundo que com um trabalho competente consegue criar complexidade em um personagem que poderia ser um simples action hero. A complexidade é ideal para se entender o sentido mais profundo a que o filme se pretende sutilmente sendo explicitado na primeira frase do filme “The war is drug”. Não uma droga nem seu sentido denotativo, mas uma droga real que vicia o personagem principal e o torna incapaz de se adaptar a sociedade. Ele precisa da adrenalina da guerra para viver, precisa quase morrer para viver.

Esse é um dos principais concorrentes à premiação do começo do ano: Globo de Ouro, Oscar, SAG, Bafta, etc... é um filme lançado no começo do ano em solo americano e que chegou aqui direto em dvd em abril. Então você pode assistir no conforto do lar um filme que pode ganhar o Oscar de melhor filme em fevereiro. Creio que isso deva significar alguma cosa, mas ainda não teria palavras para expressar. Só indico que isso também deva explicar este título em português estranhíssimo que nada tem a ver com o filme ou o fato de encontrarmos no poster do dvd só o nome das participações especiais (Ralph Fiennes, Guy Pearce e David Morse devem somar 10 minutos de projeção o todo) e não dos atores principais. Mas são só perguntas sem respostas.

domingo, 27 de dezembro de 2009

JIMMY CORRIGAN – O MENINO MAIS ESPERTO DO MUNDO, F.C. Ware.



Jimmy Corrigan é um homem de 37 anos, castrado emocionalmente, inseguro de tudo, vive encolhido em si mesmo e telefona para mãe todo o dia. Um belo dia ele recebe uma carta de uma pessoa que alega ser seu pai e o convida para passar as festas de final de ano com ele, para eles finalemnte se conhecerem. Jimmy vai e descobre um pessoa da qual ele não tem nada em comum e esse encontro relativamente curto vai ser o primeiro e o único, conforme a capa nos informa. Essa é a história do quadrinho em seus termos gerais, contudo sua constituição é a mais complexa possível, elaborada a enésima potencia nessa obra que é considerada o Ulisses do quadrinho.

O que pode afastar um leitor mais acostumado com o selo DC/Marvel de agilidade de histórias mensais, mas deve agradar o nosso público adulto de graphic Novels. Jimmy é um quadrinho para poucos, a realidade se confunde com o sonho, a imaginação se sobrepõem por vezes e você não distingue o que é realidade e o que é a cabeça do protagonista. Há explicações técnicas e maquetes para serem “feitas” pela e a história também abrange boa parte da vida de Jimmy avó no começo do século, e do Jimmy pai em seus anos de juventude. Há algumas observações sociológicas a cultura americana e uma grande análise do preconceito racial dentro da estrutura da obra. Ainda sobre a estrutura é um eterno vai e volta ao passado que ainda fragmenta a narrativa.

A primeira barreira a ser transporta é um prólogo como bula d remédio que ensina como ler o livro que tem em mãos. Escrito como se fosse uma bula de remédio, prepare-se para ficar uma boa meia-hora om as vistas juntas para entrar na narrativa levemente engraçada de F.C. Ware, que contém algumas críticas deliciosas a imagem dos quadrinhos atuais e que encontra sua força não no tom cômico das atitudes dos Jimmy's, um patetismo que leva a uma profunda melancolia deste indivíduos fechados em si mesmo.

Sobre estes indivíduos é que se centra a totalidade da obra, uma vez que a multiplicidade de Jimmy's torna o título ambíguo. O jimmy atual não é retratado com um menino, apesar de se tornar claro que ele é aquele adulto que regrede a infância com muita facilidade. Ele simplesmente ignora todas as barreiras da vida adulta, a emancipação e falta de interesse em relacionamentos são os mais gritantes, assim com sua carência paterna que o força a ir em encontro ao seu pai biológico. O outro Jimmy, que é seu avó natural também, tem boa parte da história para ele e sua similaridade com o protagonista não é mera coincidência, as carências afetivas amorosas, a insegurança perpetua e o relacionamento conturbado com o pai são o drama do Jimmy de 1900, um espelho da situação atual, que demonstra que os males de uma família são eternos;

Por fim, sobretudo, Jimmy Corrigan é um livro sobre os relacionamentos humanos. O detalhismo de sentimentos e ações é incrível, o desenho que se centra só nos protagonistas é belíssimo, uma explosão de cor que torna os temas ainda mais pesados pela simplicidade dos traços, mas a parte imaginativa de sonhos e reflexões, tornam o livro um objeto de estudo da psicanálise e suas interpretações são diversas. Um livro sobretudo fascinante e uma história fantástica.

AVATAR, James Cameron



“Eles não vão sair. O que nós podemos oferecer a eles: Cigarros e bebidas? Eles não querem nada de nós. Eles não vão sair”

O Filme do ano! O Filme que vai revolucionar o cinema 3-d! O filme de James Cameron, o diretor de Titanic! É assim que essa singelíssima produção que consumiu de 300 a 500 milhões de dólares está sendo vendida. Com relação a segunda afirmação eu só posso reproduzir o que andam dizendo, mas com certeza é um dos filmes do ano.

James Cameron é um gênio do cinema. Suas grandes obras porém não vão de encontro com as motivações mais básicas de um cineasta: Atuações pungentes, dramas de grande consequência global, direção ossessiva por cada frame (bom talvez esse ele tenha). Ele só tem uma motivação simples que percorre toda a sua careira: Romper o pré-estabelecido, destruir os limites dentro da obra que se instala. Vejamos uma breve retrospectiva de suas principais obras: Terminator, ficção de roteiro simples, orçamento baixo e com um halterofilista austríaco que não sabia falar inglês, o atual Governator. Aliens, fazer uma continuação de um cult e tentar ser melhorar (lógico que ele consegue). Terminator II, outra continuação em que ele abriu o leque de sua mitologia e inverteu os papéis dos mocinhos e bandidos, de queba ainda começou seu processo de inovação dos efeitos digitais com seu T-1000. O megalomaníaco Titanic parecia ter sido sua última fronteira, com 270 milhões para construir e destruir qualquer coisa que quisesse, e contando a mais básica das histórias de amor, o fez com tal primor e habilidade que teremos o recorde de público por muitos e muitos anos. Bem não era, quando você sai do cinema em Avatar tem a impressão de ter visto uma coisa tão fantástica que não imagina para onde o cinema está indo.

Não é que a história seja originalíssima, alias ela é tão básica quanto em Titanic, é a história da colonização revisitada no futuro. Tirem os índios e ponham alienígenas azuis de 4 metros de altura, a busca por qualquer minério, especiaria ou combustível que percorra nossa história e substitua por uma pedra, que ninguém sabe o que faz no filme, mas vale 20 milhões o kilo (como se isso fosse uma justificativa) e em vez de embarcações, latarias e equipamento pesado de destruição e temos nosso filme.

Os humanos estão em Pandora, instalados em uma base no planeta para pesquisa, bancados por uma grande mineradora na verdade eles querem o minério que está no planeta e está localizado embaixo da aldeia dos humanóides do planeta, os Na'vi. A partir daí entra o personagem de Jack Sully, um militar paraplégico que pode controlar o avatar de seu irmão gêmeo por ter um genoma igual (infelizmente há um furo científico na história, mas passa...). O Avatar é uma mistura do Dna humano e alienígena para criar um ser como os Na'vi, um outro corpo para o usuário que é um Na'vi.
Jack começa por fazer jogo duplo, mas caba se apaixonando por Neythli a filha do chefe do grupo, pela cultura esquecida e pela própria Pandora, a ponto de não saber mais se é um humano. O conceito de Avatar é basicamente esse, existe uma complexidade metafórica leve como uma parábola, mas a mais imaginativa é próprio conceito de ser um Avatar. Sentir com todos os sentidos as maravilhas e perigos de pandora. James não propõem só um filme, mas uma completa imersão na Floresta nos céus e aí o 3-D ganha mais força pois permite o espectador não ter objetos arremessados em sua cara como um brinquedo divertido, mas sentir as folhas passando por suas vistas ou a poeira acostando em seu ombro.

A complexidade do filme é visual. O que James tenta novamente, pois esse é um tema recorrente, é demostrar como a tecnologia pode ser prejudicial e como o futuro pode ser sombrio, não sabemos o que aconteceu na Terra, mas podemos supor que algo ruim anda acontecendo por lá. Há mercenários, sucatas como veículo do exército e a motivação principal é matar seres vivos em troca de dinheiro. E em contrapartida a esse mundo mecânico que vemos na base a floresta está cheia de realismo tanto em seus singulares habitantes, como nas cores fosforescentes que surgem ao cair da noite. E em certas cenas ele atinge com certeira habilidade a emoção do espectador como Jake se deliciando ao esfregar os pés de seu Avatar na terra em sua primeira caminhada, ou quando o clã dos Na'vi é expulso de sua morada com gás para ver a arvore gigantesca ser bombardeada até sua queda e o terror e tristeza está estampado na cara de seus habitantes. Vale muito o seu ingresso para assistir esse espetáculo da sétima arte, já inscrito na história.

Ah sim.. 70% o filme é digital, incluindo os Na'vi, mas seu realismo transpassa o que até então foi visto no cinema. Se tivemos o Gollum alguns anos atrás, aqui temos uma população inteira que chora, se emociona e principalmente nos atores principais é de se notar a perfeição da captura de movimento que consegue transmitir por meio do bonequinho azul tudo o que aquele personagem sente. Só mais uma inovação do Sr. Cameron.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Espiões, Os, Luis Fernando Veríssimo


É bom notar que as pessoas sentem falta do meu lento resmungar, ou das minhas hiperbólicas efusivas ladainhas elogiosas. Para alguém que ressuscitou o blog a pouco, fico feliz pelo apoio. A explicação para minha fuga do mundo virtual está em uma tríplice complicação. Curso de línguas – trabalho de verdade e Faculdade em término, o que já ligo com a primeira frase do recente romance lido: Formei-me em Letras e bebo para esquecer, o que não está tão longe da realidade deste crítico de internet.
O personagem de Veríssimo é um editor que tem seu grande momento da semana quando chega a segunda-feira, de ressaca, e ele recebe um monte de originais ruins, em que ele pode utilizar toda a sua maldade para detonar o autor, sendo ele mesmo um autor fracassado. Só por esse começo o livro já vale a lida, contudo ele continua se movendo por personagens mais satíricos e estranhos, todos fracassados e patéticos que não deixam nenhum leitor rabugento isento de uma risadinha leve no canto da boca: Dubin o fiel amigo, que inventou um condado para ele e é outro formado em humanas (quase uma terra-media), o professor Fortuna, charlatão de carteirinha que gosta de sexo tântrico, Marcito, o editor sacana que se recusa a pagar Direitos autorais, Edmar autor de livros de astrologia famoso e uma gangue perigosíssima exilada em uma cidade do interior.

A salada está pronta para Luis Fernando exibir seu bom humor contínuo. A história se centra na figura de uma personagem que está armando uma vingança escrita contra os tipos perigosos com quem ela vive. Ela envia os originais de seu texto para o nosso narrador que se apaixona pela história sombria e sem vírgulas que recebe. O nome da personagem é Ariadne, como da lenda do Minotauro e tece sua teia sob todos os amigos do narrador também, estes vão até a cidade para salvá-la, já que ela ameaça se matar. É verdade? Pouco provável, mas nossos personagens vão do mesmo jeito como espiões em missão de salvamento. Essa talvez é a grande sacada do livro. Nosso narrador que leu Le Carré demais e está a procura de um sentido em sua vida se joga de corpo e alma na aventura, em que o final vai mostrar que os limites da ficção e realidade pressupostos por nossas mentes leitoras são mais estreitos do que se imagina e o perigo pode ser muito real.


Leve, engraçado e ao mesmo tempo assim que terminei a leitura me inquieta essa sensação indescritível que a história é mais metalinguística do que se pensa a princípio, mas um romance que fala desse pessoal formado em humanas que estão destinados a serem um rocambole de significações que ainda estão para serem descobertas. E é a esse pessoal de humanas que me junto agora formado em Letras e já bebendo literatura para comemorar.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

trailer de Alice in Wonderland



estréia 5 de março de 2010