domingo, 29 de março de 2009

GRAN TORINO


Esse é o filme mais engraçado do Clint Eastwood. Sério! Nunca ri tanto no cinema com um personagem totalmente preconceituoso e ranzinza quanto o Walt Kowalsky de Clint. Ele é um veterano da Guerra da Coréia, que não gosta da família que tem, recentemente viúvo e simplesmente detesta a vizinhaça (de Hmogs, uma tribo tailândesa que realmente existe) e o padre do bairro que é um ator horrível, mas nós relevamos visto que temos Clint em uma atuação tão poderosa quanto a dos Imperdoáveis, ele é na medida do possível chato e cínico, fala disparates toda hora mas você não chega a odiá-lo, algo muito próximo do John Wayne de Rastros de ódio, só que mais engraçado.
Talvez o mais interessante é ver como esse personagem é uma evolução, ao mesmo tempo que uma caricatura do homem durão que Clint sempre encarou, cujo ápice é o Dirty Harry. Lógico que nada disso é gratuito, com esse filme Clint conseguiu seu sucesso comercial mais expressivo, e um filme acessível para todos os públicos, mas essa constituição que poderia beirar o simples divertimento comercial vai se tornando cada vez mais um filme sombrio e uma revisão sobre o papel do heroísmo na sociedade moderna.
A trama que se constitui se choca com esse personagem "amável" o que torna o final do filme mais perturbador: O vizinho de Clint tenta roubar o Gran Torino do velho, que é plot para que Walt se aproxime da família e reveja os valores da sua vida, em certo momento ele chega a conclusão de que tem mais em comum com aqueles "chinas' do que com sua família, e em segundo plano com a gangue local que cria uma tensão frequente entre família Hmong e consequentemente Walt.
Como todos os Filmes de Clint, ele pega um tema e vira ao contrário, virando contra ele próprio, nos Imperdoáveis o western é enterrado em um último suspiro, Mystic River é um policial em que os culpados não são julgados e sim absolvidos, Menina de Ouro é um filme de luta em que a luta é moral, Conquista da Honra e Cartas a Iwo Jima, mostram a guerra dos dois lados sem defender nenhuma pátria, aqui herói macho de Gran Torino entra em uma espiral em que é necessário destruir sua imagem para salvar a todos.
Em sua parte final podemos ver todo o poder da direção de Clint, utilizando com precisão sombras e cenas milimetricamente calculadas, vemos a evolução de um filme que era a relação entre um velho e um jovem se transformar em uma triste reflexão sobre vida e morte.
Não preciso dizer se eu gostei do filme ne?

2 comentários:

Dário Souza disse...

Cara to muito afim de ver gran torino, o chato eh que a cidade que eu moro ainda nao chegou ele.Quando vou correr pra ver.Valeu pela dica

bones disse...

dessa brincadeira vc vai gostar, vai lá e ve as regras.