domingo, 19 de abril de 2009

CLÁSSICOS: RAN (1985)


Vários guerreiros em descamapados e colinas, permanecem em vigília a algo que nos é desconhecido, os letreiros passam com o nome de Akira Kurosawa nos créditos, sabemos que estamos diante de uma obra de beleza pictórica incrível. As montanhas, a posição dos guerreiros, tudo conspira paa criar uma expectativa acrescente. Até que aparece o grande inimigo: Um javali. Os guerrieos marcham para a caça e quem abate a criatura o mais velho do grupo. Ran.Esses são os créditos de abertura de mais um épico de Kurosawa, talvez o mais belo. Inspirado no Rei Lear de Shakespeare, trazer a fábula sobre tradição e cobiça para terras nipônicas seria um feito extremamente prepotente e fadado ao fracasso, mas Kurosawa, já um senhor em 1985, ao invés de executar a obra com uma precisão cirúrgica em sua transposição, deixa ela como um simples eco que ilumina esta peça original, o diretor esta mais interessado em investiga a barbarie humana, o abandono dos deuses perante a negação do homem e em um termo mais pessoal o desmoramento que a velhice pode trazer dos fracassos humanos, ele definiu sua obra como "uma série de atos humanos visto do céu".Se Kagemusha era um filme mais introspectivo e questionava os alicerces do poder, Ran é um filme completamente surreal em sua concepção, cores berrantes e sentimentos à flor-da-pele, traição e destino dançam a todo o momentona tela. A história mostra o Lord Hiderota, o maior guerreiro daquelas terras e chefe do clã, deixando o poder para seu filho mais velho, Tora, sendo que o segundo cobiça o poder e o terceiro questiona o porque de tantas guerras e disputas de poder, este, Saburo, é expulso junto com um fiel guerreiro das terras de Hiderota e vai para o castelo do aliado mais próximo, a partir daí vemos a degradação constante que Hiderota vai sentir de seus dois filhos herdeiros, o novo chefe da família faz ele assinar um documento dizendo que nunca vai interferir nos novos planos da família, o do meio faz de tudo para assentuar a situação de perda do pai, ao não deixá-lo se alojar em seu castelo, e isso cresce até o momento em que um grande massacre destrói toda a guarda pessoal e enlouquece este que foje para o campo e para loucura.Esta é a parte épica do filme, e a parte que remete a Shakespeare diretamente, o que já bastaria para ser um filme inesquecível, mas a segunda parte em si é a que eleva o filme alturas! No castelo destruído e junto do escudeiro de Saburo e bobo-da-corte sobrevivente, ele confronta com todos os fantasmas da guerra e degrada ao ponto de virar um mendigo, o bobo-da-corte é o que acompanha nessa trajetória ao mesmo que faz piadas e diz verdades sobre a vida que ele levou. Na parte política aparece uma grande atuação no filme, a personagem Lady Haene. Após o faleciemnto/assassinato de Tora, seu amrido, se torna o motor para a destruição do clã, com armações e manipulações e uma atuaçõa que beira a loucura e a explosão.No final Saburo reencontra seu pai, mas mantendo-se fiel ao texto de Shakespeare e aos palnos de Lad Haena, tudo caminha infidavelmente a desgraça, um dos personagens olha para o céu e pergunta "Não existe Buda! Não existem deuses! Precisam nos massacrar dia-a-dia" e o outro responde: " Não são os deuses, somos nós que nos massacramos todos os dias e eles não podem fazer nada, pois gostamos da tristeza do dia-a-dia". Um cego esperando irmã (que não virá) deixa cair a imagem de Buda no precipício e fica no ponto mais nada mirando, somente mirando.

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