sábado, 25 de abril de 2009

Boneca Chinesa Sem Graça



É a sensação ao sair do cinema após Sinedoque, Nova York, ao menos podemos dar crédito ao diretor por ter escolhido o título certo para o filme. Sinedoque é uma figura de linguagem na qual você pode ver o todo a partir de uma parte, e com certeza se você ver dez minutos do filme você vai entender (não sei se essa é a melhor palavra, uma vez que eu não sei se entendi o filme) tudo o que vai acontecer e é nessa parte que ele se torna um filme pedantemente chato.
A história (de novo, não se essa é a melhor palavra) se passa na vida de um escritor de teatro, interpretado pelo sempre brilhante Phillip Seymour Hoffman, que tem todas as doenças possíveis e está em processo de separação do casamento assim como autodestruição da vida, ele faz uma peça que recebe muitos elogios críticos e recebe um prêmio para produzir seu próximo projeto, que ele decide que será sobre sua vida atual, uma representação fiel da sua realidade atual, na busca por uma exagerada fidelidade á vida, o que é bastante irônico. A história é de Charlie Kaufman que é o roteirista mais original dos últimos anos, ele escreveu uma obra engraçadíssima e surreal entitulada Quem quer ser John Malkovicht, onde pessoas tinham acesso ao cérebro do ator por meio de uma portinha no andar 8 ½ de um prédio, e esse é só o começo da história. Criou um conto irônic sobre Hollywood, ao se transformar em personagem criando um irmão-gêmeo imaginário em Adaptação, e nos brindou com uma história de amor belíssima, por meio da destruição das memórias em Brilho eterno de Uma Mente sem lembranças, que é um dos meus filmes favoritos. Ou seja, o pequeno resumo que fiz não é nada anormal perto das propostas dos filmes que descrevi, a parte surreal do filme começa, ou se acentua, quando a vida interpretada nos palcos começa a se misturar com a “real”, e até a própria realidade desta é questionável, chegando ao ponto de se insinuar que Philip seja uma mulher!!!! Seria o sonho de qualquer David Lynch dirigir uma insanidade desta, e o roteiro é brilhante, contudo o que estraga mesmo é a direção do Kaufman, que resolveu estrear em sua história mais complexa.
Ainda salientando as partes boas do filme temos outra grande atuação de um dos melhores atores atuais, que cada vez mais faz papéis extraordinários, até mesmo no fraquinho MI3, vamos dar crédito a Phillip que faz um personagem melacolicamente irritante. No Ponto fraco e que desaba todo o plot do Charlie, é a direção que colocou um ritmo único em um filme que deveria ser, ao que parece um ritmo crescente a uma melancolia extrema. Em uma primeira parte temos a vida real do personagem, onde já temos pena, raiva, e todos os sentimentos possíveis por este personagem patético, quando ele é abandonado pela mulher e as coisas começam a ficar mais estranhas ele fica no mesmo ponto, as situações começam a nos interessar, pois uma coisa que o surrealismo demonstra é como nós adoramos mistérios ou resolver um quebra-cabeça, e essa explicação existencial para o que está acontecendo, assim como a metáfora da peça-dentro-da-peça-dentro-da-peça faz sentido quando Sammy (o interprete de Phillip na peça) se mata faz sentido, mas aí se ele tivesse parado a ideia aí talvez eu estaria elogiando filme ao invés de criticá-lo, a terceira parte se resume a uma porrada de mortes, Philip repetindo “Agora eu sei como fazer a peça” e várias sequências que tentam complicar a história mas que você já sabe qual a intenção e essa parte amiguinho demora a acabar. A boneca chinesa fica chata!
Ao meu ver se ele tornasse as duas partes mais leves, talvez engraçadas (e ele tenta enfiar piadas sem graça o filme inteiro) ou não nos bombardeasse com essa completa falta de sentido na vida pelos olhos do personagem essa terceira parte faria mais sentido com o filme, do jeito que foi feito ao invés de emocionara parece um grande disco quebrado, mas aí o título não faria sentido.

2 comentários:

rafael kalebe disse...

poxa , vc tem um blog super legal e não me fala nada ???
Puta aigo tratante vc !!
ja era agora sempre vou te encher o saco !!
Um abraço

rafael kalebe disse...

Pelo jeito esse negócio da nova ortografia te incomodou mesmo né ??
Eu li o Cordilheira e gostei muito , mas me disseram que mãos de cavalo é ótimo ( ainda tem acento ?? ) .
Passando aqui novamente porque eu quero indicar um site : http://www.skoob.com.br ... se inscreve la , é bem legal , depois me procura : Kalebe , o daniel tb esta la ... Super divertido ...
Um abraço e ta demorando pra postar hein ???
Muito chato , eu , eu sei.