sábado, 11 de dezembro de 2010

TOP 25- Menção honrosa: 2010 – a vingança dos nerds

 

Considerei 2009 como o renascimento da FC de qualidade, e por mais que isso pareça nerd ( e no fundo é ) vejo 2010 como o ano em que as obras mais relevantes até o momento foram também voltadas para esse público que Big Bang Theory arrebatou com a chacota. A Rede Social, que o como o Clube da Luta, faz uma dura crítica a nossa sociedade atual, Kick-Ass, um legítimo representante da era Tarantino e sua evolução, e Scott Pilgrim por ser uma das experiências mais visualmente chocantes já feita pelo cinema americano e acredite não é nada comercial.

 

Rede Social, A (2010) – David Fincher

Fincher é um dos melhores cineastas da atualidade, a cada filme ele prova saber oscilar entre vários gêneros. Devo confessar que ao ver o trailer, me pareceu uma história boba, eu já sou uma pessoa encanada com cinebiografias e a criação do Facebook (coisa que eu não entendo até hoje, pois sou da era Orkut) parecia elevar o nível de Chatice que a história poderia ter, contudo direção de Fincher, que não dá uma bola fora há muito tempo e roteiro de Alan Sorkin, me chamou a atenção que o filme merece e estreou no final de semana passado em telas tupiniquins.

O roteiro engenhosamente construído em diálogos fantásticos prende a atenção do começo ao fim. O personagem de Eisenberg, após levar um fora violento da namorada por ser um idiota (e ele é) faz uma brincadeira na internet chamada Facemash, em que os alunos de Harvard votavam na garota mais gostosa até chegar a um consenso, que em poucas horas derruba o servidor da universidade o que quase o leva a expulsão, mas também o coloca em contato com dois gêmeos de uma família poderosa, que querem criar um site de relacionamentos entre os alunos de Harvard, Eisenberg enrola por dois meses os gêmeos e lança o facebook, uma evolução da ideia original, que se tornou o que é hoje.

O filme se desenrola contanto essa história entre dois processos enfrentados pelo protagonista, o primeiro por parte dos gêmeos, o segundo por parte do melhor amigo que o ajudou a criar. A história da traição é o que une esses três planos temporais e ao final da projeção você nota a grande ironia que o diretor e roteirista construíram com este épico da modernidade, ele cria o maior site de relacionamento do mundo e não tem nenhum amigo. A interpretação de Eisenberg é fantástica, você não consegue odiar o cara, mas também não consegue gostar dele. Ele é um gênio e um idiota. Mas o mais fantástico do filme é como ele retrata com fidelidade a geração do novo milênio em meio a baladas, sexo, descomprometimento com relações pessoais e planos grandiosos. é um retrato fiel e aterrorizante de como nos tornamos robôs das sensações.

P.S. Mais impressionante é como Fincher arrancou uma grande interpretação de Justin Timberlake. Confira uma das melhores cenas do filme.

 

KICK-ASS: QUEBRANDO TUDO (2010) – Matthew Vaughan

Guardem o nome desse diretor. Vaughan com esse filme criou uma obra tão singela visualmente que o mais próximo que consigo pensar é Quentin Tarantino. De repente, me caiu a ficha, de que essa geração de cineastas é a geração que cresceu assistindo Pulp Fiction, Cães de Aluguel e talvez até o Kill-bill, talvez só agora começaremos a ver a influência do diretor mais nerd de todos os tempos, o que é uma coisa fantástica se o patamar continuar nesse nível. Outro detalhe é que depois da explosão de super-heróis do final dos anos 90, agora que o cinema começa a pensar em alternativas as fórmulas e subir de patamar nas produções provenientes de quadrinhos. O Cavaleiros das Trevas provou que um filme de super-herói pode ter uma profundidade muito maior do que a de um simples filme de ação, Kick-ass veio assim como a Hq, criticar duramente os justiceiros fantasiados.

Já fiz uma crítica do filme assim que saiu mais vamos falar mais um pouco desta pequena jóia. A história que vemos, além de muito bem transposta dos quadrinhos ao cinema, tem o tempero do original ácido de Mike Millar. Pensando no mundo real, um nerd real resolve se transformar no primeiro super-herói real. Lógico, como você veem no trecho selecionado, o que acontece quando um super-herói sem poderes e sem responsabilidade resolve existir no nosso nada agradável mundo cotidiano.

Só aí já teríamos um filmão, mas Kick-Ass não fica só nisso. Ele evoluiu para também mostrar como nossa sociedade virtual é filha-da-mãe, pois na segunda ação de Kick-ass como vigilante (sim ele continua depois disso) ele é gravado, e se torna uma sensação na internet virando astro e influenciando pessoas a se tornarem super-heróis.  A partir daí a trama começa se tornar mais insólita com a entrada da Hit-Girl e BigDaddy como super-heróis (assassinos) de verdade,e aí temos uma salada muito bem orquestrada que tem na base humor negro, violência explícita à la Tarantino, partes que homenageiam outras áreas como os próprios quadrinhos e até videogame,e pasmem, até momentos tocantes com destaque para uma cena que gela a espinha dos mais insensíveis.

Filmaço, um fracasso de bilheteria por não ser um filme comercial óbvio e já entrou para os galeria de cults.

SCOTT PILGRIM CONTRA O MUNDO - (2010) – EDGAR WRIGHT

Esse também é da escola Tarantino mas com esse filme, ele elevou a décima potência o nível de estímulos visuais. O filme tem informação nos cantos da tela, nas referências, na história mucho loca, nas atuações, que são todas muito boas e em tirar sarro do mesmo público que vai amar o filme. Scott Pilgrim ao contrário do filme acima pode te expulsar da sala logo na abertura, no letreiro da Universal em 8 bits fortíssimo com uma música berrante e que pode despertar ataques epiléticos. Entretanto como o filme foi outro fracasso de bilheteria, muito mais retumbante que Kick-Ass, ninguém comprovou a teoria do epilepsia. :(

Tão rápido que um espectador de blockbuster não consegue acompanhar (meu pai comprou essa tese desistindo no meio do filme), Scott não foi criado para ser um filme comercial, entretanto seus realizadores conseguiram algo que indústria de cinema não conseguiu em uns 20 anos. Criar o melhor filme de videogame de todos os tempos, e a grande ironia é que originalmente ele é um quadrinho divertido que tem a arte similar de um mangá. Entendeu? Não.Fique tranquilo, é só uma curiosidade. :)

Scott Pilgrim é um canadense que adora ficar desempregado, mora de favor no apê do amigo gay, ao qual ele divide a cama. Como todo o garoto de 22 anos, tem uma banda que toca muito muito mal. Namora uma colegial nipônica conservadora e tudo vai bem em seu mundinho, até conhecer a garota de seus sonhos literalmente, pois Ramona trabalha na Amazon Canadense e usa portal dimensional que cruza a cabeça de Scott acidentalmente! Eu falei que a história era louca. Mas ela vai ficando mais insana, pois para namorar Ramona ele tem que derrotar os Sete ex-namorados do mal dela, que construíram uma liga para ferrar a vida amorosa de Ramona, a partir daí os coadjuvantes se multiplicam, a sátira á geração do novo milênio fica cada vez mais ácida e você tem cada vez mais a impressão de estar em video-game.

É uma experiência chocante em todos os níveis e muito diferente, mas para você apreciar tem que entrar no jogo de Scott Pilgrim ou vai ficar boiando. Deixo a briga com o terceiro ex-namorado e vejam quantas sátiras e referências visuais vocês conseguem achar:

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