sábado, 21 de novembro de 2009

AvóDezanove e o segredo do soviético, de Ondjaki


Na PraiaDoBispo as crianças se divertem todo dia no calor inventando brincadeiras. AvóNhete está a reclamar de dores no pé. AvoCatarina sempre de preto, sempre escondida e sempre tirando um sarro da vida. Os russos fazem uma ação “comunitária” construindo um Mausoléu para o povo Angolano enterrar seu presidente, eles só tem que explodir algumas casas da Praia e vão conseguir terminar o projeto. Quem chefia esta empreitada é Camarada Bilhardov, ou Bortadov, ou Sovacov na linguagem das crianças. Uma bomba de gasolina que só tem água salgada e o maluco EspumaDoMar só fala cubano e tem ideias esquerdistas. Esses e mais alguns personagens saídos parte da imaginação, parte das memórias do escritor angolano Ondjaki, constituem uma das narrativas mais verdadeiramente engraçadas sobre a Angola pós-independência.
Luandino Vieira escreveu a bíblia Luuanda, Pepetela tem uma força cruel em seus romances, assim como outros atores menos conhecidos por aqui eles traçam uma Angola e uma Luanda sombria, em que a realidade social é pungente e marcante, fruto de quase meio século de guerra em Angola, da década de 50 até 1975 pela independência (leiam Os Cus de Judas também) e depois de 1976 até 2002 em guerra civil. Incrivelmente Ondjaki não segue o mesmo caminho, talvez por ser o escritor angolano mais novo e famoso atualmente (ele só tem 32 anos e muitos livros editados por lá), sua narrativa não assume o caráter realista buscado por seus antecessores, na verdade por ser narrado do ponto de vista de uma criança, a inocência desse relato que nem chega a citar a Guerra civil diretamente, talvez por isso é deliciosamente engraçada.

A história central está em nosso narrador Ndalu, seus amigo 3,14 (o nome dele é pi) e Charlita, que tem a brilhante ideia de “desplodir” as obras do Mausoleu para salvar a PraiadoBispo. O livro inteiro se move nessa “missão:impossível”, mas que na mágica do mundo infantil vai se concretizar de uma maneira ou de outra. Há uma sutil alegoria à ocupação estrangeira após independência, como o que acontece com a maioria dos povos africanos quando em razão da independência são obrigados a se aliar, por motivos econômicos e por vezes socias, a outros países para conseguir sobreviver. Contudo o  foco principal do romance é o relacionamento das crianças entre si e com os mais velhos, as histórias que a AvóNhete (Mais tarde Dezanove) conta e as lembranças que as vezes atingem o protagonista, trazem um sentido nostálgico ao texto que junto ao seu caráter de filme de aventura, funcionam como uma combinação interessante.
Profundamente pessoal esse livro merece ser descoberto pelo público brasileiro, visto que acho que está passando despercebido por aqui, e assim como “Os da minha rua” pode muito bem se tornar um livro para se indicar no colégio em função de trazer as crianças mais perto de nossos camaradas angolanos, com o perdão do trocadilho. Por que Dezanove e qual o segredo não são os eixos centrais do livro, mas o primeiro é bem inusitado e o último é revelado na última linha do romance trazendo algo de fantástico a essa salada que já tinha de tudo. Vale a leitura.

4 comentários:

Diana Brito disse...

O livro é maravilhoso, é um mergulho no imaginário infantil, já que a história é contada por uma criança. Essa criança, no entanto, sabemos ser Ndalu, o menino que viveu nesse momento crítico do pós independência de Angola, ou melhor: Ndalu de Almeida, o nosso Ondjaki. A ficção vai se misturar aqui com talvez as lembranças reais do autor, juntando a isso um toque de sonho infantil, um tanto positivista até, nessa Luanda tão confusa de então.
Desculpe-me a sinceridade, mas o texto publicado aqui deve ser revisado, pois há nomes mal escritos, erros e até uma análise meio simplória de tudo o que é na realidade esse romance de Ondjaki. Ele se ofenderia... No mais, valeu o entusiasmo e a iniciativa. (Obrigada por ler meu comentário, mesmo que não seja publicado.)

Rafael Menezes disse...

Bem... infelizmente ele foi publicado. rsrsrsrs.
Fato é que todos os meus textos precisam de revisão e creio ter corrigido os erros grosseiros e os erros dos nomes das personagens. Quanto a análise não é o intuito discorrer muito criticamente e sim somente instigar a leitura. Coisa que já ocorreu no caso deste livro, tanto positiva quanto negativa. Tomara que ele não se ofenda...

Queroo ajudas sobre o livro, disse...

Eu não intendii esse livro e eu preciso apresentar dia 30/04 queria que vcs me ajudassem, tenho que responder várias perguntas, e nãoo to conseguindo, por favor se puder me ajudem, <3

Queroo ajudas sobre o livro, disse...

Eu não intendii esse livro e eu preciso apresentar dia 30/04 queria que vcs me ajudassem, tenho que responder várias perguntas, e nãoo to conseguindo, por favor se puder me ajudem, <3