segunda-feira, 16 de novembro de 2009

SEMINARISTA, O, Rubens Fonseca


Todo o grande escritor pode errar a mão uma vez ou outra, e me parece que Rubem Fonseca errou feio neste novo romance. Sou um grande admirador do escritor que melhor retratou a vida urbana paulista em sua extensão de violência, sexo e velocidade estonteante, livros como o Caso Morel e O Cobrador são obras-primas inigualáveis da literatura brasileira, o que não acontecerá com O seminarista.
A história é de um matador de aluguel, que assassinava clientes com a mesma paixão ao qual come biscoitos, não se importa muito quem é ou porquê, só faz o serviço e nem lê o jornal para saber se o corpo foi encontrado. Após matar muitas pessoas para seu chefe o Despachante, ele resolve se aposentar e viver uma vida normal e olha que só nos primeiros quatro capítulos ele matou um monte de gente, agora ele quer viver como um cidadão normal, logicamente que isso não vai dar certo, e ele ainda vai se apaixonar por uma alemã mesmo com todos os sentidos de paranóia do cara dizerem o contrário, a história se encaminha firmemente até ele voltar a matar um monte de gente referente a um caso do passado e basicamente só sobrar ele no final mais sangrento de todos os livros do Rubens, mas descrito com tanta naturalidade e sem um pingo de emoção, que o fato de cara perder a língua, os olhos, os bagos e várias outras coisas não nos causa impacto.
Estilisticamente essa falta de sentimentos ou emoção é buscada para justificar o personagem, contudo não há nada escondido ele não é mais profundo que um pires como personagem. Isso tudo é proposital lógico, mas como é CHATO! O personagem não está nem aí se via morrer, porque está sendo perseguido, ele nem estranha quando um outro personagem que ele matou a algumas páginas atrás, com um tiro nos colhões e dois na cara (para que não tenha o funeral com caixão fechado) magicamente reaparece dizendo ser o pai de sua namorada (!), ah sim eu çao estou brincando, esse mesmo personagem pergunta a ele - Não está surpreendido em me ver? e ele responde - Vocês dois se conhecem, e acaba o mistério (?). Comecei a pensar que ia virar algo à la David Lynch, que tudo acontecia na cabeça dele, mas não há elementos na narrativa que sustentem essa hipótese a não minha obesessão em tentar explicar o romance.
Estava com muitas expectativas? Era para ser algo mais divertido (pois é inegável que dá para se divertir, parecendo um legítimo filme do Tarantino m relação à violência) do que profundo? Eu entendi o livro completamente errado? O mundo vai acabar em 2012? Minha cabeça está cheia de perguntas sem resposta,s e alguém tiver a resposta dê-me-a, pois fiquei um tanto decepcionado.
Ah, sim, o título. O personagem foi um seminarista antes de matador profissional. Só um detalhe. Não, eu não estava errado em esperar mais.

Um comentário:

bones disse...

eu achei que esse escritor escrevia crônicas....

raso como um pires, o cara com nome de açucar do "no country for old man" tambem era e o personagem ficou interessante, e não, eu não vou nem pensar em ler.
beijos.