domingo, 29 de novembro de 2009

ENTES QUERIDOS, de Neil Gaiman


Delírio: “(responsabilidade) é mais que isso. As coisas que a gente faz criam Ecos. Tipo, se você para na esquina e admirar um relâmpago em igue-zague...zap! Por um tempão e coisas vão para nessa mesma esquina e olhar pro céu sem saber o que estão procurando. Alguns vão enxergar um relâmpago-fantasma. Outros podem até ser mortos por ele. Nossa existência deforma o universo. Isso é responsabilidade.”


Penúltimo capítulo da maior de todas as histórias em quadrinhos, ou podemos dizer que é efetivamente o último, pois o álbum seguinte “Despertar” em minha opinião é muito mais um prelúdio pra fechar as pontas soltas, em todo caso é o maior e mais emocionante, desfecho perfeito para uma história perfeita.
Para os mortais que não conhecem Sandman, esta foi a série que revolucionou os quadrinhos adultos da Vertigo entre 1987-93, publicado esparsamente no Brasil pela Globo somente suas edições em brochura dão conta da tamanha genialidade em se fundir cultura pop, erudita, mitologia grega, nórdica, religião, história e muitas outras áreas em torno de Morpheus, ou Sonho, ou Sandman, ou moldador. O senhor dos sonhos. Preso por 80 anos, descendo ao inferno para procurar a amada, em contos curtos em que encontra William Shakespeare, procurando o irmão desaparecido, Destruição. Todas as suas histórias mostravam um pouco do mundo obscuro e como este afetava nossas vidas. Sempre disse que não era necessário ler na continuidade para entender a história, o que realmente é verdade, mas ler os álbuns na sequência te dá uma noção d totalidade que não pode ser substituída. Uma prova disso é que aqui ele vai fechar tudo que já aconteceu nos 60 álbuns anteriores.
Para começar a história é o caos: uma criança é raptada e sua mãe entra em desespero, Loki perambula por nosso mundo fazendo vítimas, Delírio procura seu cão, Nuala volta ao reino dos elfos, Morpheus está deprimido pois no álbum 7 (Vidas Breves, fantástico também) ele matou seu filho. Tudo isso começa a interseccionar até as Fúrias, ou Bondosas (Kindly Ones no original o que, infelizmente, perde seu duplo sentido em português) aparecem para exigir vingança de Morpheus e não deixaram pedra sobre no Sonhar, ou sonho sobre sonho. As Fúrias são as justiceiras e nem mesmo Morpheus tem mais controle sobre seu reino, o cerco se fecha sobre ele até a única opção para salvar os habitantes de sua terra e viajar as fronteiras do pesadelo para enfrentar as Benevolentes, e ,pasmem, Matthew vai junto.
O maior álbum, nesse ponto é repetitivo falar como ele constrói bem as história, mas seria fácil perder a mão com tantas coisas acontecendo e ele não perde, e um final digno de tudo que foi proposto por aqui. No fim após tantas cenas desconcertantes de belas, como um bebê sendo atirado no forno ou último diálogo de Sonho com sua irmã, Morte, o que álbum nos mostra são as diferentes relações entre seus personagens e a família e como sacrifícios tem que ser feitos em nossa existência. E quase esqueci de falar O melhor álbum.
Pena não ter nas HQ's de banca atuais uma série tão forte e desconcertante como esta foi no passado, lógico que há coisas muito boas com Authority, mas ainda parece que falta algo para se tornar inesquecível. Mark Millar que me desculpe, mas não cega perto do Gaiman fez como este personagem. No momento este álbum está esgotado, a Panini relançará desde o começo ano que vem a série completa, o que é muito bom pois não será perdida para gerações futuras, a editora diz que serão edições definitivas. Não sei como melhorar essa edição da Conrad para ser bem sincero, na dúvida se você quiser acompanhar a saga de Lorde Morpheus consiga este da Conrad, que é uma edição extraordinária. Fica a dica, como sempre, mas no caso desse vocês tem que conhecer!

sábado, 21 de novembro de 2009

AvóDezanove e o segredo do soviético, de Ondjaki


Na PraiaDoBispo as crianças se divertem todo dia no calor inventando brincadeiras. AvóNhete está a reclamar de dores no pé. AvoCatarina sempre de preto, sempre escondida e sempre tirando um sarro da vida. Os russos fazem uma ação “comunitária” construindo um Mausoléu para o povo Angolano enterrar seu presidente, eles só tem que explodir algumas casas da Praia e vão conseguir terminar o projeto. Quem chefia esta empreitada é Camarada Bilhardov, ou Bortadov, ou Sovacov na linguagem das crianças. Uma bomba de gasolina que só tem água salgada e o maluco EspumaDoMar só fala cubano e tem ideias esquerdistas. Esses e mais alguns personagens saídos parte da imaginação, parte das memórias do escritor angolano Ondjaki, constituem uma das narrativas mais verdadeiramente engraçadas sobre a Angola pós-independência.
Luandino Vieira escreveu a bíblia Luuanda, Pepetela tem uma força cruel em seus romances, assim como outros atores menos conhecidos por aqui eles traçam uma Angola e uma Luanda sombria, em que a realidade social é pungente e marcante, fruto de quase meio século de guerra em Angola, da década de 50 até 1975 pela independência (leiam Os Cus de Judas também) e depois de 1976 até 2002 em guerra civil. Incrivelmente Ondjaki não segue o mesmo caminho, talvez por ser o escritor angolano mais novo e famoso atualmente (ele só tem 32 anos e muitos livros editados por lá), sua narrativa não assume o caráter realista buscado por seus antecessores, na verdade por ser narrado do ponto de vista de uma criança, a inocência desse relato que nem chega a citar a Guerra civil diretamente, talvez por isso é deliciosamente engraçada.

A história central está em nosso narrador Ndalu, seus amigo 3,14 (o nome dele é pi) e Charlita, que tem a brilhante ideia de “desplodir” as obras do Mausoleu para salvar a PraiadoBispo. O livro inteiro se move nessa “missão:impossível”, mas que na mágica do mundo infantil vai se concretizar de uma maneira ou de outra. Há uma sutil alegoria à ocupação estrangeira após independência, como o que acontece com a maioria dos povos africanos quando em razão da independência são obrigados a se aliar, por motivos econômicos e por vezes socias, a outros países para conseguir sobreviver. Contudo o  foco principal do romance é o relacionamento das crianças entre si e com os mais velhos, as histórias que a AvóNhete (Mais tarde Dezanove) conta e as lembranças que as vezes atingem o protagonista, trazem um sentido nostálgico ao texto que junto ao seu caráter de filme de aventura, funcionam como uma combinação interessante.
Profundamente pessoal esse livro merece ser descoberto pelo público brasileiro, visto que acho que está passando despercebido por aqui, e assim como “Os da minha rua” pode muito bem se tornar um livro para se indicar no colégio em função de trazer as crianças mais perto de nossos camaradas angolanos, com o perdão do trocadilho. Por que Dezanove e qual o segredo não são os eixos centrais do livro, mas o primeiro é bem inusitado e o último é revelado na última linha do romance trazendo algo de fantástico a essa salada que já tinha de tudo. Vale a leitura.

FEATURETTE DO FILME AVATAR

Saiu ontem no site Rotten Tomatoes, uma bela prévia do filme que estreia dia 18/12/2009. Vejam e babem.


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

SEMINARISTA, O, Rubens Fonseca


Todo o grande escritor pode errar a mão uma vez ou outra, e me parece que Rubem Fonseca errou feio neste novo romance. Sou um grande admirador do escritor que melhor retratou a vida urbana paulista em sua extensão de violência, sexo e velocidade estonteante, livros como o Caso Morel e O Cobrador são obras-primas inigualáveis da literatura brasileira, o que não acontecerá com O seminarista.
A história é de um matador de aluguel, que assassinava clientes com a mesma paixão ao qual come biscoitos, não se importa muito quem é ou porquê, só faz o serviço e nem lê o jornal para saber se o corpo foi encontrado. Após matar muitas pessoas para seu chefe o Despachante, ele resolve se aposentar e viver uma vida normal e olha que só nos primeiros quatro capítulos ele matou um monte de gente, agora ele quer viver como um cidadão normal, logicamente que isso não vai dar certo, e ele ainda vai se apaixonar por uma alemã mesmo com todos os sentidos de paranóia do cara dizerem o contrário, a história se encaminha firmemente até ele voltar a matar um monte de gente referente a um caso do passado e basicamente só sobrar ele no final mais sangrento de todos os livros do Rubens, mas descrito com tanta naturalidade e sem um pingo de emoção, que o fato de cara perder a língua, os olhos, os bagos e várias outras coisas não nos causa impacto.
Estilisticamente essa falta de sentimentos ou emoção é buscada para justificar o personagem, contudo não há nada escondido ele não é mais profundo que um pires como personagem. Isso tudo é proposital lógico, mas como é CHATO! O personagem não está nem aí se via morrer, porque está sendo perseguido, ele nem estranha quando um outro personagem que ele matou a algumas páginas atrás, com um tiro nos colhões e dois na cara (para que não tenha o funeral com caixão fechado) magicamente reaparece dizendo ser o pai de sua namorada (!), ah sim eu çao estou brincando, esse mesmo personagem pergunta a ele - Não está surpreendido em me ver? e ele responde - Vocês dois se conhecem, e acaba o mistério (?). Comecei a pensar que ia virar algo à la David Lynch, que tudo acontecia na cabeça dele, mas não há elementos na narrativa que sustentem essa hipótese a não minha obesessão em tentar explicar o romance.
Estava com muitas expectativas? Era para ser algo mais divertido (pois é inegável que dá para se divertir, parecendo um legítimo filme do Tarantino m relação à violência) do que profundo? Eu entendi o livro completamente errado? O mundo vai acabar em 2012? Minha cabeça está cheia de perguntas sem resposta,s e alguém tiver a resposta dê-me-a, pois fiquei um tanto decepcionado.
Ah, sim, o título. O personagem foi um seminarista antes de matador profissional. Só um detalhe. Não, eu não estava errado em esperar mais.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

500 DIAS COM ELA


Podemos nos fazer de dificéis, podemos dar as costas ao mundo, ou viver de casos esporádicos, viver assexuadamente, e eu conheço um caso atual! Mas o fato é que todas as pessoas tiveram um grande amor, senão mais de um. Dependendo de que momento você está na vida você pode pensar diversas coisas a respeito dessa afirmação. "Sim, I'm Love", " o amor não existe", "será que é isso" e tantos outro filmes românticos se centram em alguns desses tópicos. 500 dias com ela se centra em todos os pontos de um relacionamento, o descobrimento casual, os gostos em comum, a época mais feliz, a mais penosa, os pontos de vistas diferentes, e todas as fases do rompimento que fazem o filme se eleger entre o panteão dos pequenos clássicos atuais.
Joseph Gordon Levitt (Sim, um dos sobreviventes do 30 rock from the sun, um dos melhores seriados da década de 90) faz um personagem meio nerd, meio normal, que tem um emprego burocrátco comum e vive sem muitas ambições, apesar de já querer ter sido um arquiteto, ele desistu de lutar, e para melhorar (ou piorar) ele é um romantico inveterado. Logicamente que pessoas assim não dão certo na vida, em todo caso ele conhece Summer, uma moça que vai mudar sua vida amorosa como a própria Dulcinéia de um Quixote moderno, interpretada pela Gracinha da Zooey Deschanel impossível não se apaixonar por uma moça que ama Smithse usa roupinhas antigas que em qualquer um seriam um horror só, menos nela e o pior de tudo para nosso herói é que ela tem os mesmos gostos que ele, receita mágica para unir qualquer casal. Summer é uma garota moderna, não acredite em amor e não quer se envolver, a princípio, enquanto o relacionamento vai evoluindo você até torce para que os dois fiquem juntos. Ela e ele são perfeitos não? Sim são, mas não é esse o ponto do filme e sim quando ela rompe com ele que o seu mundo se arrebenta e sua reconstituição é o ponto mais interessante e real do filme. Essa parte é muito fofa e tragicômica já anunciada no primeiro frame do filme, mas até o final você torce para que eles fiquem juntos, contudo não é um filme triste, seu final te coloca mais pra cima do que muito água com açucar sem personalidade.
Meu filme preferido é o Brilho eterno de uma mente sem lembranças, mas esse chegou perto de desbancar minhas preferências, quem sabe daqui alguns anos desbanque, pois...a vida muda. E qual o seu?

sábado, 7 de novembro de 2009

FANTÁTICA VIDA BREVE DE OSCAR WAO, de Junot Diaz


“(...)Oscar se trancou no quarto, tirou a roupa no banheiro - já não compartilhando mais com a irmã,, que estava morando na faculdade, a Rutgers -, e se examinou no espelho. A banha! As estrias quilométricas!O corpo horrivelmente tumescente! Parecia ter saído direto de um quadrinho de Daniel Clowes. Fazia lembrar garoto grande e negro de Palomar, o lugarejo criado por Gilbert Hernandez.
Meu Deus!, sussurrou ele. Sou um Morlock.
NO dia seguinte, no café da manhã, ele perguntou à mãe: Eu sou feio?
Ela suspirou. Bom, hijo, você definitivamente não se parece comigo.
Pais dominicanos! Não á para deixar de gostar deles. (...)”


A pior parte do livro é decidir quando eu paro com o excerto. Sério essa cena continua e vai ficando cada vez mais engraçada, o livro de Junot Diaz é uma chuva interminável de bom humor no meio das maiores tragédias. A saga de uma família dominicana contada de maneira à la Quentin Tarantino, indo e voltando no tempo em sua luta contra o fuku, uma espécie de Lei de Murphy eterna que o livro prega como assolação dos males de todos, que é simplesmente o azar nosso de cada de dia e no meio disso um menino que tinha tudo para ser popular e conquistar todas as garotinhas do bairro, pois afinal ele é dominicano, Oscar que atingido pelo fuku acab se tornando um adolescente gordo, ned e fissurado em Senhor do anéis. Nosso narrador é imperdoável, “ Oscar não conseguia disfarçar como eu (ou você) sua condição de otaku, fissurado em mangá” e por isso ele vai ser o eterno rejeitado por um mundo que não lhe pertence, a velha retórica quixotesca tingida com um escrita de cultura pop.
Pelo fato de Oscar ser um nerd, cdf que quer ser o Tolkien latino, o livro é também um redemoinho de referência que nós nerds como eu (E VOCÊ!!!!!!!!!!), vão se rachar de rir, alias a citação do livro é do Quarteto Fantástico (O que Galacticus sabe sobre as vidas breves), o que é, com o perdão do trocadilho, fantástico. A salada poderia ser só essa mas não é, em sua escrita ele confunde as línguas em um portunhol (no original um spanglish) hilário, mistura as décadas, mistura dúzias de notas enormes de história dominicana om sua história simples de um menino que não queria ser nerd, e e´só simples entre aspas, se você não conhecer um pouco dos universos citados e adorados por Oscar você se perde totalmente nas partes com ele ou seu narrador, que só é revelado no final do livro como sendo um personagem e outro nerd, contudo um nerd velado.
Ei Big Bang Theory é a série mais vista no Eua! Nunca se tirou tanto sarro dessa raça estranha, contudo devo dizer que o livro também é uma pegadinha, e aí é que ele cresce exponencialmente para se tornar um clássico. Sua crítica ao estilo de vida e a história da republica dominicana recente é escancaradamente a essência de tanta loucura. Temos duas coisas que se contrapõem, a falta de vida de Oscar em suas experiências mais básicas que sintetizam o que seria a vida com a ditadura fascista imposta por Rafale Trujilho, ou vulgo Ladrão de Gado Frustrado durante mais de 30 anos. Eu saí de mais 300 páginas quase como um expert em história dominicana, e muito emocionado com todas as provações que o sensível Oscar Wao (a origem desse apelido é muito engraçada e duvido que alguém descubra sem ler o livro ) passa até seus momentos derradeiros, em que ele consegue vive finalmente.
De confessar que nunca gostei de livros que utilizassem muito humor, um mesmo filmes assim, contudo esse ano mostra como as coisas podem mudar. Os livros que amis mexeram comigo foram aqueles que mais ri: Oscar, Zazie e Caim. Com eles eu ri horrores e convido a quem tenha interesse em entrar nesse bom humor a acompanhar Oscar nas aventuras da vida e quem sabe até possa entrar em nossa comunidade singela em que anéis destroem o mundo e o personagem mais legal dos quadrinhos tem 1,60, fuma charutos e tem garras de animal. Venha Luke junte-se ao Lado Negro da Força!!!!!!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

LUUANDA, José Luandino Vieira


Ao ganhar a independência a custo de muito sangue, a imprensa entrevistou Luandino perguntando se agora o povo angolano voltaria a falar e escrever em quimbundo, Luandino respondeu que a língua portuguesa seria o troféu de guerra. Luandino está para Machado de Assis no desenvolvimento da literatura angolana tal como ela é hoje, e este é seu livro mais significativo, seu domínio da linguagem é indiscutível. O livro escrito entre 1962-63, enquanto o autor esteve preso, ganhou um grande prêmio de incentivo à cultura em 1963, e menos de um dia depois a polícia aprendeu a comissão julgadora do evento e proibiu a circulação do livro, que a partir daí teve sua fama feita e a circulação clandestina competia com Jorge Amado e Graciliano Ramos, igualmente proibidos na Angola portuguesa. O livro só conseguiu ser publicado em Portugal em 1973 (ironia), ou seja após a queda de Salazar, o ditador poe excelência, e também recebeu grandes prêmios literários para logo depois ser publicado em Angola ao grande publico já liberto e com a fama de clássico antes mesmo das pessoas ao qual o livro se dirige conhecerem a obra.
Para aqueles que adoram ler livros que causam polêmica este seria um prato cheio, mas é bom tomar cuidado para não terminar a leitura e não entender porque este livro foi tão censurado e nem pensar a respeito. Luuanda é um grande livro que basicamente traz três estórias: O relacionamento entre uma avó e seu neto durante um dia inteiro em que a fome os assola e o menino não consegue achar emprego, uma caso de roubo de patos e papagaios (?) que termina com os praticantes do crime presos e uma disputa de duas vizinhas a respeito de um ovo. A primeira história é mais tocante, a segunda é confusa e e engraçada, a terceira engraçada e fantástica e o livro termina. Subversivo, não.
Primeiramente queria informar que os três contos são os melhores que nossa língua permite e isso já bastaria para colocar o livro no panteão de obras clássicas, mas todas as proibições tinham fundamento na época, pois a princípio o livro era um ultraje ao uso da língua pois estruturalmente, lexicalmente e morfologicamente Luandino mistura português e quimbundo ao nível da fala, tal qual Guimarães Rosa nosso conterrâneo, a começar pelo título até seu final. Estruturalmente podemos relacionar as três estórias de várias maneiras do relacionamento entre as idades, a vida no musseque, e na minha interpretação de uma maneira muito forte com a fome que o povo angolano passava dia a dia quando colônia de Portugal e isso, carregado na ironia de tratar de estória (ou seja não é real), era uma fronte ao governo Português.
Tal com a metáfora do cajueiro há várias maneiras de interpretar o livro, não sei se no final ele escreve em português, ou se em Luandinês, mas o fato o fato é que maravilhosamente tecido em clássico.