quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

21 – Pequena Miss Sunshine

 

pequena miss sunshine EUA. 2006. Direção: Jonathan Dayton/Valerie Faris. Elenco: Greg Keener, Toni Colette, Abigail Breslin, Paul Dano, Steve Carrel e Alan Arkin.

A revitalização do cinema independente americano foi um dos pontos chaves dessa última década. Sundance cresce em importância a cada ano e sempre revela três ou quatro obras relevantes para o cinema como um todo. Em 2010 especificamente um filme extraordinário, que ainda não chegou por aqui, foi lançado por lá: Inverno da Alma (Winter’s Bone), que dentro de sotaques complicados, um produção simples e uma atuação fortíssima de Jeniffer Lawrence mostra o lado pobre da América “Terra da liberdade”. Seu mundo sombrio já criou inimigos ferrenhos e fãs ardosos, como esse que escreve. Mas escreverei sobre esse filme um outro dia. Esse olhar carinhoso para qual os filmes independentes americanos tem hoje, é possível em função da crise que limitou e continua limitando a produção de filmes nos States, que só em 2010 caiu 33%,e  também devido ao sucesso de público e crítica dessa pequena joinha ao lado que é o marco histórico da retomada do gênero de Cassavetes.

O filme é um acerto estético do começo pelo casal de diretores, há planos cuidados milimetricamente que são pura poesia, como a abertura e outros de pura improvisação natural como a cena final da dança. A transição é precisa que isso passa desapercebido. O roteiro também combina questão dramática com a mais pura comédia. E as atuações são todas excelentes: Keener e Colete, que já estão na estrada dos independentes há tempos, estão seguros nos papéis principais, mas eles são aquele tipo de atores que vocês sabe que vai ver uma ótima atuação. O time de coadjuvantes rouba a cena, Steve Carrel como o professor-homossexual-suicida deu a melhor atuação de sua carreira até o momento, Alan Arkin foi redescoberto como o avó-tarado-viciado-em-heroína, laureado com justiças em muitas premiações por sua atuação neste. As surpresas são a jovem Breslin, como a menina-gordinha-disputando-um-concurso-de-miss-sunshine e o jovem Paul Dano (que no futuro daria uma atuação ainda mais assombrosa no poderoso Sangue Negro) como o adolescente-filosófico-mudo… por escolha.

A história para quem esteve fora dos cinemas nos últimos 4 anos narra as desventuras dessa família disfuncional cruzando o país para levar a caçula para o concurso de miss.  A viagem é hilária dentro da Kombi amarela que não tem quase marchas, uma lavação de roupa suja que não tenta mostrar a família americana que se ama, e sim a família real que tem que se suportar. Não dava muita coisa para o filme até vê-lo no cinema pouco depois de sua estréia, e posso garantir, estava num cinema lotado e nunca vi um cinema rir tanto em conjunto e consonância, nem mesmo na comédia escrachada mais idiota. A diversão inteligente sempre supera a comédia forçada. Mas enfim, como não simpatizar com Breslin dançando?

 

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