segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

22 – Curioso Caso de Benjamin Button

 

curioso caso EUA. 2008. Direção: David Fincher. Elenco: Brad Pitt, Cate Blanchett, Taraji P. Henson, Tilda Switon.

Eric Roth encantou o mundo com o roteiro fantástico do não menos fantástico Forrest Gump – o Contador de Histórias. O estilo dessa história específica combinava humor, drama, comédia e tragédia em uma estrutura de aventura mas ao mesmo tempo fechada dentro da vida do menino corredor Forrest. 14 anos após ele trouxe uma outra ideia parecida a princípio, mas totalmente diferente em sua constituição: Benjamin Button é uma fábula de um homem também, mas ao contrário de Forrest que passou por todos os eventos importantes americanos anonimamente e ingenuamente, Benjamin não passa por nenhum evento significativo só olha de relance pois ele é o mais normal dos seres apesar de sua curiosa anomalia. Levado a vida por Brad Pitt com um sotaque de interior, calmo e seguro Benjamin é um grande filme de David Fincher, mas deve muito a esse grande roteirista, aqui com Robin Swicord, que fica muitas vezes no anonimato, mas vale lembrar que é dele os roteiros de Encantador de Cavalos, Ali, o Bom Pastor e do melhor Michael Mann, O informante. E tais como todos os outros, essa história defende uma tese muito específica e sinistra.

Benjamin Button nasce no final da primeira guerra mundial, fora abandonado pelo pai em um asilo por ser diferente dos outros: Parecia um velho próximo da morte, tal sua aparência e deterioração física. Criado por Queenie no asilo Benjamin começa a “rejuvenescer”, crescendo ao contrário de todos. Passa pela Segunda Guerra e sobrevive, descobre quem foi o pai, reencontra o grande amor, ou seja, vive a vida mais normal e simples do mundo. Contudo a condição de Button não é mágica, ele não é uma espécie de imortal só por rejuvenescer, somente seu definhamento será diferente do nosso. O final é igual para todos.

Por viver em um asilo, lutar na guerra e mesmo viver entre as pessoas, basicamente todos os personagens padecem de alguma forma no filme, seja em cena ou no simples comentário de um personagem. Em cena emblemática Button leva seu pai moribundo para ver o pôr-do-sol, enquanto em off, explica “Você pode xingar. Amaldiçoar… mas no final você tem que aceitar.”. Mais interessante é não usar isso para prometer a eternidade ou insinuar a felicidade, o filme é centrado em um aspecto analítico e terreno do que é a morte. Demorei um pouco para perceber como isso é a força motriz do filme porque não é tão óbvio a princípio, talvez porque essa história que flerte tão próxima dessa força tão sinistra, o faça com o intuito de promover a vida. Seria um pensamento muito estranho? Creio que não. Dentro da estrutura do filme a história de Benjamin está sendo contada para sua filha, seu recado para ela é belamente ilustrado nesse trecho. Belamente escrito por Roth e milimetricamente preciso por Fincher. Temos que aproveitar a vida.

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