Contado em capítulos a trama de Incêndios, assim como sugere o nome começa com a chama da dúvida que alastra uma pessoa e termina no fogo infernal das descobertas de se revirar o passado. Quando a mãe de dois gêmeos, Jeanne e Simon, falece ela deixa um desejo inusitado como testamento entregar duas cartas para o pai deles, que estaria e um irmão que nunca fora citado. Como eles são descentes do Líbano, o local onde o pai morreu, a resposta para tantos mistérios está na cidade ainda tomada pelos conflitos. Simon resiste a princípio, mas Jeanne parte para o Líbano para tentar entender quem fora a sua mãe, Nawar. A trama então se desdobra no presente com a saga dos gêmeos em busca da verdade e no passado acompanhando Nawar durante a Guerra Civil entre cristãos e palestinos.
O filme conta com uma grande atuação de Lubna Azabal com Nawar, e devo dizer que a parte do conflito civil e na situação limite que a personagem se entra é o motoro do longa, a parte de seus filhos em busca da verdade das cartas e de revirar o passado sujo quebra um pouco o ritmo e apesar de bem construída tem muitos ornamento desnecessários, como o conflito entre os irmãos, ou o advogado intrometido como coadjuvante. O filme passaria bem sem eles, mas Denis tentou equipar as narrativas em tempo e ritmo, o trabalho é bom mas fica melhor quando o ritmo acelera e as cenas de tensão emocional afloram, como na belíssima (e terrível) cena do ônibus queimando, que alias é o cartaz do filme.
A narrativa é baseada numa peça que tinha como centro a transição de ódio pelas gerações oriente médio, algo como o nosso Abril Despedaçado, entretanto apesar de ainda presente essa temática dentro da história o que sobra no final é um filme sobre filhos tentando entender o passado da mãe e assim chegando naquele tópico clássico da tragédia universal: Os pecados dos pais que assolam os filhos. A peça tem mais ares de tragédia grega do que crítica à ira.
Para os mais chatos ou analíticos, devo dizer que o filme dá uma margem grande para se descobrir o mistério sobre o pai e irmão dos gêmeos logo em sua metade. a força do filme está na revelação, mas infelizmente eu acabei descobrindo antes. O problema de se fazer uma trama que cada vez mais se abre numa estrutura complexa e não linear, é que você vai ter que fechar de algum jeito, e como normalmente os realizadores gostam de histórias amarradas, em dado momento para mim a história se revelou tal como os mandamentos á Moises. Espero que isso não aconteça com você pois o diretor se esforça bastante para esconder o mistério, chegando a usar muitos truques, mas dá margem também.
Um bom filme com questões interessantes, é uma boa pedida para o final de semana, Mas esperava um pouco mais do desenvolvimento da história e especialmente não ter descoberto o final antes.
Nota: 8/10
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