quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Gêmeos: Invenção de Hugo Cabret – Martin Scorsese

 

invenção de hugo cabret Há alguns anos saia eu do cinema com meus melhores amigos da sessão de Os Infiltrados, sabendo que tínhamos visto um dos filmes mais chocantes daquele período. Naquela época eu nem sabia quem era Scorsese, só tinha uma vaga ideia, devo confessar que foi um dos últimos grandes cineastas que eu acabei conhecendo na minha formação e foi com Touro Indomável que eu constatei que ele era gênio, mas enfim naquela tarde estávamos procurando algum “destruidor de neurônios” para assistir, e ainda bem que o acaso/destino me fez assistir o filme, entretanto se alguém virasse para mim e me dissesse que Martin estava para fazer um filme infantil eu riria em alto e bom som.

Hugo Cabret é diferente de tudo que o cineasta fez até o momento. Me parece tão diferente dos mundos de violência, sombrios e grossa ironia que só acredito quando vejo o crédito nos letreiros. Isso não é um crítica, muito pelo contrário dos indicados a melhor direção ao Oscar eu acho que quem mais merece ganhar é ele, isso porque até para quem não consegue ver em 3D como este que vos fala, consegue perceber a cinematografia que explora a profundidade das sequências, mais do que quando jogam coisa na tela… mas nem vou entrar muito nesse assunto pois eu realmente não consigo Ver em 3d.

Mas devemos dividir os créditos aqui, se Martin faz uma direção exemplar, o roteiro de John Logan em suas modificações e aprofundamento do original é extraordinário, e com certeza a história original é uma obra-prima que dificilmente sairia alguma coisa ruim, mesmo se Joel Schumacher fosse diretor… em talvez ele fizesse algo bem ruim, não devemos desconfiar desses seres, mas chega de digressões; Hugo Cabret traz uma história simples, mas ao mesmo tempo encantadora e genial pois mistura fantasia com realidade, a mais pura aventura com a história do cinema.

Numa estação de trens do começo do século, um menino vive roubando para sobreviver.Seu nome é Hugo e ele perdeu recentemente o pai, sendo que consertar a máquina que seu pai trabalhava é o única motivação de sua vida. A máquina é autômato, pois apalavra robô só surge ne década de 50, ele tem um lápis na mão pronto para desenhar e um buraco de chave em suas costas pronto para revelar o segredo. Hugo rouba peças de um senhor para consertar o autômato e ao começar a se envolver com ele e sua neta vai descobrir o segredo por traz do robô, os primórdios da sétima arte e a chave da fantasia.

O livro é uma obra-prima pois ele foi construído metade como um romance e metade com ilustrações, tudo isso intercalado não por capricho do autor, mas de uma maneira que enriquece a história que Hugo precisa desvendar. O grande desafio da transposição é ignorar toda a forma original e se concentrar na história, que por si só seria muito simples. O roteiro cria personagens, histórias paralelas de emoção ou mesmo de aventura para transportar ao cinema, e a parte mais clichê do romance foi ligeiramente modificada, mesmo que ainda pareça clichê no final mas é melhor construída para o cinema.

Mas o melhor é perceber que o estranhamento que o livro gera em seus leitores, também é transportado pelo cineasta que nos entrega a princípio um filme infantil, mas conforme avançamos percebemos que a história vai se tornando mais adulta com o conhecimento adquirido. A história de Hugo deve e vai encantar mais os adultos, mas sua forma é inocente como a de um filme infantil. Ele é um híbrido estranho, assim como o livro, mas que encanta. O único porém é que sem a forma inovadora de Brian Selznick, o autor original, e mesmo com uma adaptação que beira a excelência na transposição, é perceber que a história original tem um esqueleto muito simples… mas novamente é um a princípio um livro infantil, não é para ser demasiadamente complexo.

NOTA: 9

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