terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O Artista – Michel Hazanavicius

 

o-artista-1 O grande favorito a ganhar o Oscar 2012, contrariando todas as expectativas é um filme francês. Alias, se isso acontecer será histórico, os americanos nunca premiaram uma produção de língua não inglesa e desde o primeiro Oscar não premiam um filme mudo, quando Asas ganhou. Mas o engraçado é que a ideia de O Artista é de uma simplicidade absoluta, diria que nem a direção é extraordinária ou o roteiro inventivo. Mas as vezes é das ideia mais simples que surgem as obras-primas mais duradoras, basta ler O Velho e o Mar e notar.

Um ator do cinema mudo (Jean Djardin) extraordinário ajuda uma aspirante a atriz (Berenice Brejo) a ingressar no cinema. Ela com a chegada do cinema falado ganha notoriedade, ele cai no ostracismo por não se habituar. John Goodman faz o dirigente do estúdio, James Cromwell o motorista fiel do ator e há um cachorrinho que rouba  a cena a todo o momento dos atores principais. Boa parte do humor é feita como antigamente, com danças, caretas e a cena de Berenice com o cassaco para mim já é antológica. Essa é paixão pelo cinema sendo celebrada em alto e bom som.

Eu acho que o filme é uma obra prima, assim como outros. A voz da discórdia o vê como um filme simples demais e um cópia de Cantando. O simples demais, e´você pegar o Metrópolis por exemplo e perceber como a construção da história é complexa, ou mesmo um filme do Chaplin como O Garoto. Ser mudo não é ser simples. O Artista, é filme simples, inocente, e tem vários clichês das histórias românticas mais dos anos 50/60 do que dos anos 30. Verdade. Cantando na Chuva é o meu clássico pessoal dos musicais, a história do filme de Gene Kelly é até complexa e muito mais original do que O Artista. Verdade.

E daí? O artista não é nem um filme mudo de verdade, vide a última cena e uma parte no meio, mas ele é uma confissão de amor ao próprio cinema, em sua realidade mais simples e essencial. Essa nostalgia, esse inocência perdida há muito tempo é o que se quer resgatar aqui e nisso ele é primoroso na constituição. Vivemos tempos cínicos e sombrios, o cinema esse ano foi mais escapista do que realista. Eu poderia dizer que isso talvez seja em função da realidade  americana dos últimos anos… mas esse filme é francês.

Nota: 10!!!!

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