domingo, 12 de fevereiro de 2012

Histórias Cruzadas – Tate Taylor

 

historias-cruzadas Esse foi um dos maiores sucessos do cinema americano de 2011, em termos comerciais pois custou uma merreca e faturou mais de 170 milhões de dólares, e em termos artísticos, pois foi muito bem elogiado por uns e desprezado como demasiadamente “fofinho” por outros. O sucesso deveria ser mais esperado pois o romance que originou o filme é um best-seller há mais ou menos quatro anos e creio que ainda está no top do New York Times.

A história toca numa ferida americana por excelência, e que também é uma ferida mundial: A discriminação racial. Na década de 60 uma jovem repórter Skeeter (Emma Stone) resolve escrever um relato sobre o dia-a-dia das empregadas domésticas, que são sempre negras e vivem em condições de vida precárias. Ela encontra muita resistência das próprias empregadas que podem acabar sendo punidas e pela sociedade burguesa sulista extremamente racista, que tem como porta voz a melhor vilã de 2011, Bryce Dallas Howard, totalmente desprezível ao formular uma lei de banheiros separados entre as raças. Com esse mote duas empregadas resolvem fala, que são a alma do filme: a contida e emocional Viola Davis, e explosiva Octavia Spencer que roubam o filme das demais grandes atrizes que aparecem e, inclusive da Onipresente Jessica Chastain, muito engraçada como uma “nova rica” nada discreta.

Histórias Cruzadas é um filme a moda antiga, mas sem tentar parecer à moda antiga como Cavalo de Guerra. O fato é que ele não cria uma história forte para os termos atuais, muito menos cínica com a sociedade como toda a produção cinematográfica contemporânea e sim entrega um filme sob medida para ser sessão da tarde: O que é a grande falha para alguns, mas considerando que eu sou contra ao excesso de realismo que impregna as produções atuais: Histórias é uma boa história, com ótimas produção e com uma direção segura, o que realmente o alça como um grande filme são suas atrizes que dão alma a a história. Isso é o que o filme é, e não o que ele poderia ser.

Mas as críticas fazem sentido, pois como disse é uma ferida americana, e revisitá-la é algo delicado, pois essa história de preconceito, não esqueçamos aconteceu a menos de 50 anos! Se algo parece meio velado, já jogam pedras. Se algo é escancara a hipocrisia, como o filmes de Spike Lee, ninguém vê. E eu mesmo não gosto muito do cinema de Spike Lee, mas crio que minha realidade brasileira não consegue compreender essa cisão racial… mas isso é assunto para o bar.

Histórias Cruzadas é um filme fofinho mesmo, com momentos tensos,atuações ótimas, e que deixa seu espectador para cima no final (coisa rara) e me lembrou bastante o Cor Púrpura  de 1986, o que eu considero um grande elogio.

NOTA: 8,5

P.S. Tate Taylor, o diretor, está sendo ignorado em premiações (ok. nada extraordinário), mas certas pessoas atribuem isso ao fato do filme ser mal-dirigido, o que eu não concordo. Só queria entender o que isso significa para alguém que concorde, pois o Discurso do Rei a direção é arroz-com-feijão Também.

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