quarta-feira, 7 de outubro de 2009

NATIMORTO, O de Lourenço Mutarelli


Ao encarar Lourenço você deve ter em conta algumas coisas: Que você possivelmente gosta de Kafka e que se algo está parecendo esquisito é porque é mesmo, e por último é um mundo muito próximo de um eufêmico pesadelo. Falo eufêmico, pois ele não é necessariamente forte, mas quando colocado em análise nua e crua é algo que passa beirando o grotesco, mas suavemente, como é o caso do final do livro em questão.
Natimorto está sendo relançado pela Cia. Das Letras, juntamente com o novo livro de Mutarelli Miguel e os Demônios, que alias foi lançado ontem, ao qual eu pretendo ainda falar brevemente. A história do nosso livro em questão gira em torno de uma mulher “A Voz” que tem um canto tão puro que ninguém consegue escutar e seu agente, “O Agente”, que lê a sorte nas propagandas antitabagistas dos maços de cigarro, ao qual ele tem a teoria de que são reinterpretações de cartas de tarô. Curioso e confuso? Normal. Mas espere ainda tem mais, ao serem expulsos da casa da mulher do gente ele propõem que eles vivam juntos em quarto de hotel por 5 ou 6 anos. Ah, sim ele é escrito em um misto de poesia com teatro. Sim, é realmente bem interessante, mas não espere nenhuma jóia escondida ou floreio narrativo mais extraordinário que isso, eu li em uma sentada e foi divertidíssimo!
O agente é um personagem deliciosamente deprimente, quase tão deprimente quanto os personagens de Phillip Roth, conforme os dias vão passando e o relacionamento dos dois vai mudando isso vai se tornando uma espiral destrutiva, que culmina na insinuação mais grotescamente medonha de um final de livor que eu tenha lido recentemente.
O grande defeito da história é sua brevidade, parecia que dava muito mais pano pra a manga, parece que quando você está no melhor filme a luz acaba ou aparece alguém dizendo “é tudo por hoje”, mas ele vai virar filme, não sei como uma vez que não consigo ver a história como um filme sem destruir toda sua estilística esperta, mas tomara que como filme verifiquem outras possibilidades para essa história macabra.

2 comentários:

Matias Minduim disse...

Nuca li o Mutarelli ... tenho vontade


Ele participou dos "Amores Expressos" não? Acho que ele foi para Nova York, a Lucmar falaou que estava pronto o romance, só falta resolver o imbrólio com o Companhia ... você soube de algo?

Rafael Menezes disse...

Sei que está no Amores expressos, sei que foi para Nova york, mas não sei quando será publicado, afinal de contasdepois de quase dois anos chegamos ao terceiro volume do Luiz Ruffato e são 16 ou 18 autores. Pode demorar. :)