Juro não ter entendido a posição do HSBC em Março do ano passado. Um banco que ainda não perdeu a alcunha de ter substituído o Bamerindus (pois tanto eu quanto outras pessoas da geração de 90 ainda canta a musiquinha do extinto banco), deveria se orgulhar de divulgar seu nome em outras mídias.
Quando íamos ao Belas Artes quando ainda em patrocínio, ou falávamos “vamos ao HSBC” ou “Vamos ao Hsbc Belas Artes”, mas nunca só chamava-o de Belas Artes, durante ao ano que passou tive muitas dificuldades em retomar esse nome e com muito pesar consegui, pois o que mais queria era ver outro patrocinador estampado na faixada da Consolação, só assim haveria segurança, durante a Mostra 2010 um apanhado de pessoas fortes ameaçou bancar o patrocínio do cinema e notícias recentes informam que até um patrocinador tinha sido definido e pulou fora na reta final. Tudo isso são fragmentos de notícias que pululam em nossa frente, mas o final fora anunciado a dois dias o Belas Artes fechará as portas em 27 de janeiro, sendo substituído por mais uma loja que alugara o espaço, pois São Paulo precisa de mais uma loja e menos um cinema.
Dentre as sala de São Paulo, Belas Artes era o melhor cinema, em preço, em títulos, em especiais e no atendimento. Fora lá que fazia minha temporada de Oscar durante Janeiro/Fevereiro. Fora lá que vi o Sétimo Selo na telona, em qualidade impecável no Cineclube. Me surpreendi com Lúcia e Sexo. Me rendi a Piaf – Um Hino ao amor. Vi uma sala cheia gargalhar em consonância com Pequena Miss Sunshine. Vi uma sala se irritar com o onírico (Medos Privados em Lugares Públicos) e as vezes é única sala exibindo um filme que só sairia em DVD (Desejo e Perigo demorou 2 anos para ser exibido e só veio para o Brasil porque Belas Artes exibiria). O acervo do Belas Artes trazia certeza de exibir tanto Almodóvar e Woody Allen, quanto Gaspar Noé e Michel Haneke. Temos filmes desconhecidos quanto alguns cults modernos como A Origem ou Sin City. Havia espaço para todos os filmes sendo o único critério é ser no mínimo interessante. E o Noitão de cinema em São Paulo era lá, pode até ter cópias no momento mas quem começou isso foi o Belas.
Tudo isso acaba no final desse mês. Como só um espectador desse drama não posso fazer mais críticas, mas realmente não entendo porque ninguém se tornou o novo patrocinador do cinema (Sesc e Imprensa Oficial. Os maiores difusores de cultura em São Paulo. Por que não adotar o cinema também?). Ano passado o Gemini já fechara as portas, Marabá fora comparado Playarte alguns anos antes. Dentre os cinema alternativos quais são os próximos? Cinema da Vila? Reserva Cultural? CineSESC? Dentre estes os únicos mais ou menos seguros me parecem Espaço Unibanco da Augusta e o Cine Cultura, mas o cinema alternativo não pode ficar somente nestes dois circuitos.
É com pesar e tristeza que escrevo este post me despedindo do Belas Artes e todos os grandes momentos que tive com ele.
3 comentários:
Eu ainda estou meio confuso com isso
Aquela sensação de pesadelo
"Acorda, acorda, acorda para acabar"
mas não estou dormindo
A realidade é triste
Poxa, que peninha pra que mora por aí né... sempre quis conhecer ;/
enfim, Adorei mesmo o blog =)
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Pois é, mesmo morando no RJ, vejo também essa faca de dois gumes que são os cinemas patrocinados. As mesmas empresas que possibilitam a sobrevida dos cinemas de rua, podem sair da empreitada a qualquer momento.
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