domingo, 9 de agosto de 2009

APÓS O ANOITECER, Haruki Murakami



Na madrugada de Tóquio uma moça está a solta pelas ruas e bares a procura de nada mais que um lugar sossegado para efetuar sua leitura, em outro ponto sua irmão dorme profundamente, em um estado estranho de semi-coma, enquanto à la Ringu sua televisão começa a mostrar imagens estranhas que estão relacionadas a sua presente condição. Não sei definir se essa é a melhor maneira de entrar no mundo de Murakami, uma vez que você pode achar a trama um tanto absurda ou desconexa, mas caso você tenta mente aberta e uma vontade louca de supor uma explicação para fatos absurdos vai achar o livro divertido.
Um primeiro ponto a se notar é que este romance é uma pegadinha, Murakami utiliza um ponto de vista de câmera, sempre nos lembrando de que ele é um câmera e não vai dar explicações, não vai fazer nada para nos ajudar e sim simplesmente mostrar um série de fatos que estão amis ou menos interligados. Além destas duas personagens temos um músico que fala demais, que infernizara a vida protagonista no bom sentido, uma ex-boxeadora que é gerente de hotel, um prostituta chinesa espancada, um homem sem face que comanda o lado-de-lá da tv e um homem que tem uma outra personalidade violenta (ou não). Sim, é uma salada de personagens unidos pela madrugada que os consome. Mas por que é uma pegadinha mesmo? Porque no fundo disso tudo está o intuito de se resgatar o amor e afetividade humana, observando as bases que a constroem, não é um livro de terror como o autor faz muitas vezes parecer, ou uma trama complexa sobre a psiquê humana, muito menos um multiplot sobre a boêmia nipônica, é simplesmente um retrato de duas irmãs muito diferentes entre si tentando se encontrar, cada qual em um mundo distinto, sendo que o que prevalece é uma extrema sensibilidade por parte do autor.
As melhores partes do livro estão em como ele constitui o clima de sua história, que em muitos momentos parece dialogar diretamente com o cinema e com a reCente safra de filmes de terror que infestam o país do Godzilla. Uma dupla pegadinha. E também saliento os diálogos espertos da juventude de Tóquio, principalmente entre Eri e o músico, que ´no fundo o coração do livro. Muito bonitinho.

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