quinta-feira, 10 de setembro de 2009

ANTICRISTO, Lars Von Trier


Lars Von Trier estava deprimido, então para se alegrar ele fez um filme contendo morte, violência descomunal, sexo e intitulado anticristo, que deixou o Vaticano e as esferas da comunidade cristã muito felizes. Fato é que, segundo ele, ele não conseguia nem levantar para tomar água e precisava abstrair. Essa depressão começou porque Maderlay, a segunda parte da sua trilogia sobre os EUA, foi um fracasso de público e crítica e ele mesmo se arrepende de ter feito daquela forma equivocada o filme, continuação do interessante Dogville, com todos os atores trocados e a mesma estrutura, passou tão desapercebido pelas telas que só soube que ele tinha sido feito quando vi o Dvd e acho que não vou ver este filme tão cedo para saber se ele tem razão em se auto-imobilizar, também acho que Washington, que seria a terceira parte, não vai ficar pronto tão cedo.
Lars Von Trier tem duas obras-primas na minha opinião, que é o Dançando no Escuro, única vez que admirei Bjork, e o estranho e perturbador Dogville, na minha opinião o melhor dos dois. Apesar do primeiro ser um musical e o segundo uma mistura de cinema e teatro, a matéria prima interior de ambos é representação da estrutura de nossa sociedade, e a visão de Lars é sombria onde o s fracos são triturados e o mal saí sempre ganhando, ou seja é bem realista! Dançando temos uma mãe pobre tentando juntar dinheiro suficiente para pagar a operação da filha, para ela não ficar cega como a mãe está ficando. É uma tragédia após a outra, em seu final chocante em meio a músicas. Dogville, a heroína virtuosa é chantageada por toda uma cidade em troca de poder se refugiar nela. Nada é gratuito no mundo do dinamarquês, e como critico de seu mundo é como ele é visto pelos seus admiradores que ficaram muito chateados com esse filme Cannes, onde ele foi vaiado, aplaudido, chocou e provocou gargalhadas! Isso porque tudo que falei não se remete a esse filme onde a grande falha em se apreciar o filme é achar que tem alguma verdade social-universal em seus frames, Anticristo é basicamente um filme de terror! De um nível de horror que poucas vezes foi mostrado na tela grande, sua análise é enganadoramente psicológica, pois o que Lars tenta mostrar com o final do filme é que muitas coisas ainda não podem ser explicadas.
Um casal é vítima de um tragédia quando o filho despenca do prédio para a morte e eles faziam amor no quarto ao lado, um detalhe é que essa cena é maravilhosamente filmada em preto-e-branco, na câmera lenta e embalada com musica clássica, o Lars vai odiar mais a precisão do som com as cenas remetem a um Kubrick inspirado, é de longe a melhor cena do filme. O luto da mãe que é perigosamente mortal, faz o marido dela leva-la a uma cabana longe da cidade para vencer a dor da perda, ele que é um psicólogo entra em uma batalha para recuperar a razão dela (pobre idiota), mas aos poucos o isolamento vai mostrando a verdadeira natureza do acontecido e na crescente narrativa de sonho que o diretor propõem seu terço final cria o ápice da narrativa aterrorizante proposta. Ótimo!
Lógico que ser um filme de terror não é depreciativo, marca autoral de Lars é sentida o filme inteiro, mas o fato é que o filme É UMA NARRATIVA DE TERROR. E fazer este tipo me parece mais complicado, uma vez que esse gênero é subvertido por hordas de adolescentes sarados sendo triturados por serial killers onipotentes (coisa que voltou esse ano e felizmente não pegou), e ter a classe de fazer um trabalho perto do estado bruto desta sensação, muito próximo de um Exorcista ou Iluminado, para mim as duas obras máximas do gênero, mas tome cuidado cuidado o Anticristo não é para todo o público pelos seguintes critérios: Sexo explícito, violência grave, castração masculina e feminina e imagens perturbadoras como uma raposa falante, ou a imagem do cartaz, a única que é muito bonita, mas não tem nada a ver com o filme.
A única dúvida que resta é porque Anticristo? Não foi somente para irritar as autoridades católicas que autopromoveram o filme. Detalhe 1: Os personagens não tem nome, são He and She. Detalhe 2: eles vão para Eden, o nome da cabana. Adão e Eva de volta ao paraíso? Pode ser mas o detalhe 3 responde melhor, contudo é um spoiller: No final quando o s dois estão próximos da morte, os três mendigos, as criaturas que apareceram o filme inteiro, chegam para coroar o quê? A morte! Tal qual os reis-magos vem ver o nascimento do menino Jesus, Cristo, o filme que faz um apologia forte contra a lendária maternidade bondosa das mulheres, não coroa o nascimento de algo como Anticristo, mas a morte pela maldade, que é uma descrença absoluta em qualquer redenção que possa haver para os personagens. Para mim o Anticristo é a Morte. Curioso? Veja o filme então, ele pode não ser o melhor cineasta do mundo, apesar de se achar, mas é com certeza um dos melhores e vai te chocar.

2 comentários:

Matias Minduim disse...

Claro que ele é o melhor Cineasta vivo, se não é ele quem é?

Anônimo disse...

Lars e um completo idiota que possui a capacidade de fazer péssimos filmes. Vale ressaltar que consegue até uma boa trilha e uma estética fotográfica de bom gosto....a cena do casal fazendo amor, talvez seja a única parte que presta do filme, que nao passa de um terror psicótico dos mais baratos...