Atiq Rahimi é o autor afegão mais prestigiado no momento por excelência, desde a reentrada do mundo afegão dentro do panorama mundial suas atingem uma força que cresce exponencialmente. Aqui no Brasil seu livro mais lembrado é o primeiro, Terra e Cinzas, e seu recente livro foi publicado este mês e ganhou ano passado o prêmio Gougort na França.
Longe de se concentrar nos aspectos políticos e sociais do Afeganistão este livro concentra-se na exploração da mulher dentro da sociedade não só afegã, mas do panorama muçulmano como um todo.
A Pedra-de-paciência, Syngué Sabour, é um lenda narrada pela nossa narradora de uma pedra mágica deixada nos anos de Criação no qual poderia se deixar todos os pecados e confissões nela e quando esta se enchesse explodiria anunciando o fim do mundo. No caso, a pedra constitui uma metáfora da situação em que vive, com o marido em coma, imóvel e semi-morto como fardo que ela tem que carregar, a um primeiro momento ela faz o papel de fiel esposa a risca, rezando todo o dia ao lado de sua cama o que torna o começo do romance até um pouco lento, mas logo mais ela começa em seu fluxo de consciência a largar todas as crenças espirituais e amores que sentia para rever a vida, confessando tudo ao corpo inerte como se fosse uma pedra.
Sua casa está situada no meio da guerra civil, uma vizinhança anda louca pelas ruas cantando e falando e ainda tem duas crianças que a todo momento reclamam sua condição de crianças como fardo a mais.
Suas revelações sobre o casamento forçado, a vida conjugal e todos os conflitos que se estabelecem com os soldados que rondam sua casa tornam o livro bem pesado mas muito interessante, deixando um clima para o final, a explosão da pedra, belamente descrita com a genialidade que só os grandes escritores tem. Não sei se essa será sua obra definitiva, creio que não, mas vale a pena conferir pela intensidade da história.
Um comentário:
na foto a capa deste livro é ainda mais linda.
faz uma maeteria sobre a arte de se fazer capas de livros.
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