Este é um filme muito interessante. Assim como o Enterrado Vivo, ele se passa num lugar só e com uma só proposta. Isso os aproxima mas se tem resultados totalmente diferentes. Se O Enterrado Vivo se baseia desde a abertura em truque hitchcockiano para criar um suspense poderoso, 127 Horas é um drama de superação, quase um filme de auto-ajuda sobre como remover as pedras que colocamos em nossas vidas.
Contudo eu estou me adiantando. A história é muito simples: Em um belo dia fazendo uma viagem pelo Grand Canyon, Aaron entra em uma enrascada peculiar. Ele caí em uma vala e uma pedra esmaga seu braço o impedindo de sair, o título do filme remete as horas que Aaron ficou preso até conseguir se libertar de uma maneira extremamente drástica.
Em um primeiro momento ele tenta erguer a pedra, cortar ela com canivete suíço, fazer uma alavanca para suspendê-la, até tenta amputar o braço mas a lâmina não tem corte suficiente para cortar um osso e assim ele vai indo e com uma câmera de bolso ele vai se confessionando também, para não perder a sanidade e para dizer as coisas que sempre quis dizer aos outros. Há vários truques para não perder a atenção do espectador, tais quais como ilusões, lembranças e uma interpretação ótima de James Franco. Alias, no ano de 2010, muitas pessoas duvidam da qualidade cinematográfica das obras (eu não), mas é indubitável que a qualidade dramática dos atores foi muito melhor que muitos anos. Ha´filmes com um elencos afiados e há filmes que são algo mais graças as interpretações individuais já falei aqui de Natalie Portman e Jennifer Lawrence, respectivamente em Cisne Negro e Inverno da Alma, mas também temos Colin Firth no Discurso do Rei, Emma Stone em A mentira, próprio James Franco em Howl, Javier Barden em Biutiful, Tilda Switon em I am Love, Robert Duvall em Get Low e a lista continua… Não que os filmes não sejam bons sem esses atores, mas eles são muito melhor com eles e no caso de 127 horas, Danny Boyle me perdoe, mas toda a qualidade do filme está em James.
Nesse ponto a direção de o Enterrado Vivo, quase sem truques, é mais hipnótica do que 127 horas. Contudo como disse anteriormente são coisas diferentes. O filme vai bem até seu final, mas o que realmente o joga para cima é que na luta pela sobrevivência e as dificuldades encontradas, ele acha uma maneira muito chocante e aflitiva para se amputar, e amiguinhos, quem tiver estômago fraco nem tente ver o filme. É realmente bem aflitivo.
No plano geral 127 horas também esconde mais do que um exercício estético sobre a luta da sobrevivência. Em certo ponto Aaron em seu monólogo interpreta sua situação: “Não falei a ninguém aonde ia, nunca quis… O fato é que essa pedra estava esperando a vida inteira para cair em cima de minha mão. Eu esperei a vida inteira para encontrar essa pedra. Eu fiz essa pedra.” Por isso creio eu que a mensagem final do filme esteja bem próximo da auto-ajuda, mostrando como as coisas que fazemos justificam nosso fim.
É um filme interessante, bom, mas é o mais fraco dos indicados para o Oscar. Em todo caso vale a sua atenção.
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