O western é um dos gêneros fundadores do cinema americano e está praticamente morto nos dias de hoje. O último grande clássico do Faroeste foi um ápice do realismo e o último prego do caixão, com Os Imperdoáveis (1992). 19 anos depois dois dos cineastas mais talentosos em atividade resolveram apostar no gênero novamente, sendo que ainda resolveram refilmar um clássico com John Wayne, um dos últimos grandes filmes do Velho Oeste: Bravura Indômita. E o resultado é fantástico e traz uma nostalgia que faria Sergio Leone sorrir.
A sensação de nostalgia se deve também porque em minha infância ainda existia os Sábados de Faroeste na TNT, sendo que ficava as horas da tarde nessas sessões sem me lembrar da maioria dos filmes mas me divertindo muita com as donzelas em perigo, duelos no meio da estrada, paisagens vastas e o vilão se vestia de preto e contemplava um cicatriz enorme na cara. E mato seco corria de um lado ao outro na tela… Vi desde coisas improváveis como Cactus Jack, o Bom (O primeiro filme do Schwarzenneger com Kirk Douglas tb :o) à Rastros de Ódio, até cults Como Westworld – Onde ninguém tem alma. Ou seja, se você gostava de western vai adorar ver toda essa nostalgia, mas como acontece com musicais há pessoas que podem achar esse filme como algo menor dos Cohen. O que não é verdade.
O filme é uma homenagem clara aos westerns da década 60, tanto nas paisagens quanto na trilhas, tomadas e desenvolvimento do longa. Mas também é uma continuação clara da ideia de Os Imperdoáveis, com um realismo cru e sem uma distinção clara do que é bem e mal. O toque tradicional dos Cohen está no humor negro bruto que permeia a trama, herdado do livro de Charles Portis mas ele a potência Cohen.
A trama traz a talentosíssima Hailen Steinfeld, como Matie Ross, uma menina que veio à cidade velar o corpo do pai assassinado e acaba ficando na cidade com a determinação de achar alguém para caçar o bandido que o matou. Ele contrata um agente federal alcoólatra interpretado Jeff Bridges, sempre maravilhoso, e um tagarela policial texano (Matt Damon) que se junta por outros interesses a caçada. A química entre os três atores é tudo, pois a maioria da fita se empenha na jornada e nas divergências entre pensamentos. Entre o velho mundo e o novo, a ética e a moral, preconceito, ódio aos índios, entre outras coisas. Mas não se enganem, não é uma fita política, subversiva, ou psicologicamente densa. É uma aventura. Não perder esse espírito até sua emocionante conclusão, ainda no limiar entre bem e o mal, é o maior mérito do filme. Alias creio que este seja o filme dos Cohen mais acessível em termos comerciais, mas ainda com a marca registrada e precisa da dupla. Muito bom.
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