terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Oscar 2011: A Rede Social

 

REDE SOCIAL Há um mês atrás não havia concorrente para o filme de David Fincher, ganhou todos os prêmios das críticas estaduais, despontou como favorito assim que saiu nos cinema  estava assim até o PGA e o SAG demonstrarem que todo o conservadorismo da Academia pode pesar para cima de um filme que é basicamente um cartão postal de uma geração: Internet, trama quebrada, jovens atores e a impessoalidade do mundo que afasta os personagens. Tem algo mais Século XXI que isso?

Fato é que A Rede Social é o filme mais fraco da filmografia de David Fincher, tirando o Alien 3 que é um hiato. Enquanto Seven, Clube da Luta, Zodíaco e Curiosos Caso de Benjamin Button já são clássicos da Sétima Arte por seu conteúdo estético, A Rede Social é mais movido pelo aspecto histórico de ser o filme certo, na hora certa. Sua constituição é a mais simples do ponto de vista estético/formal de Fincher, sua mensagem é mais simples possível também, contudo a sua ideia de demonstrar como a maior rede de relacionamentos do mundo foi constituída da maneira mais impessoal possível, é que a um lance genial.

Para quem ainda não conhece a história, ela retrata os anos decisivos de 2003/2004 em que Mark Zuckenberg cria o Facebook em seu apê de Harvard, que agora é o maior site de relacionamentos do mundo avaliado em 25 bilhões. Em uma trama entrecortada por dois processos acompanhamos como Mark cria o facebook em 50 dias, se apropriando de uma ideia de dois gêmeos de Harvard (interpretados pelo mesmo ator pois Fincher enfiar efeitos especiais imperceptíveis nos seus filmes) e depois começa a afastar todos seus amigos incluindo Eduardo Saverin, que é o segundo processo que enfrenta no filme. Toda a constituição do filme quer provar de maneira indireta que Mark é um monstro. Não um monstro de maldade, mas aquele tipo que não vai se adaptar nunca ao mundo e que tem uma visão tão prática da coisa que seus atos são desumanos. Logo antes dos começos o “fora” que Mar leva e origina todo seu surto de genialidade termina com menina dando a chave da personalidade de Mark: “Você vai passar a vida achando que não gostam de você porque é um nerd. Mas não Mark. Saiba que não gostam de você porque você é um idiota!” E assim, sem nunca dizer isso diretamente, Fincher leva sua trama sobre a genialidade.

Apesar de ser um roteiro de Aaron Sorkin (The West Wing), o filme não é chato. Ele tem o tempo exato para se contar a história intercalando entre os dois processos, algumas piadas espertas e o carismas de seus coadjuvantes: Os gêmeos Winklevoss (o pequeno Arnie Hammer), Eduadro Saverin interpretado pelo ótimo Andrew Garfield e até (pasmem!) Justin Timberlake tem uma atuação boa como o cara da Napster. Entretanto o personagem principal de Jesse Eisenberg, se ainda está no limiar do estereótipo, é uma atuação impressionante de um menino cujo o grande papel foi o nerd de Zumbilândia. E apesar de também interpretar um nerd esquizofrênico neste filme, sua interpretação está mais para se livrar de todo o carisma que ele tem, para criar um pessoa no limiar do desprezível.

A obra de Fincher sempre nos trouxe personagens solitários, em uma estrutura de mundo maior que eles, seja o consumismo do século XX (Clube da Luta) ou a destruição da informação pelo tempo (Zodíaco, meu prefiro pessoalmente). A Rede Social traz esses temas novamente como uma crítica a sociedade digital, é o mais simples dentro da obra dele contudo quando a obra menor de diretor é ainda interessante você tem certeza de que ele é um grande diretor.  O grande vencedor do Oscar? Tenho minhas dúvidas no momento, O nascimento do rádio tem uma pequena vantagem atualmente sobre a internet. O conservadorismo normalmente vence na Academia: Crash em cima Brokeback, Miss Daisy em cima de Nascido em 4 de Julho, entre outros.

Amanha vem a crítica do mais novo favorito.

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